quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Crepúsculo


No céu se travava mais aquela batalha linda.
De um lado, ele lutava com toda sua onipresença, sua virilidade, espalhando por todos os lados raios vermelhos...
Do outro, ela brincava ainda, querendo surgir, com pequenos traços de escuridão, com seu exército de estrelas incontáveis...
Relutante, ele cedia espaço a ela, que com a mais sublime delicadeza ia se chegando, tomando conta do espetáculo...
Senhora de si, não se deixava persuadir pela beleza apresentada ainda por ele, por sua cor e força que cobriam toda a outra parte do horizonte...
A luz partia aos poucos, dando lugar à dona da noite e a suas bailarinas brilhantes, ela sorria, nada mais podia ser feito, chegaria muito em breve a hora de total escuridão, quando não haveria mais combate, sua vitória era certa...
No momento do último encontro, quando ciente de que seu território estava cada vez mais escasso, ele olhou pra ela, como sempre o fazia, e se sentiu extremamente feliz.
Adorava o crepúsculo, adorava vê-la vencer ou perder... Adorava simplesmente senti-la ao londe...
E naquele momento de renúncia de um e triunfo de outro, eles estavam tão próximos, tão sós...
Uma fração de segundo depois ele já não mais estava presente...
A vitória dela era festejada por todos, incubrindo a cada novo instante os últimos raios vermelhos...
Na sua solidão, ela sorria, não pela conquista, mas por saber que em breve haveria nova luta, na qual seria a sua vez de perder...
E novamente ela sentiria o seu olhar forte e quente, e novamente ela transmitiria toda a paz e serenidade que ele necessitava...
A noite caiu de todo, o crepúsculo teve seu fim...


PS: Esse texto foi feito durante uma das viagens diárias para Carangola, na época eu nem tinha lido o livro Crepúsculo ainda, foi no dia 14 de agosto de 2008, um ano atrás... Achei ele no outro blog e pensei, porque não?! Batalhas como essa, entre força e delicadeza, entre dia e noite, são tão comuns dentro de nós mesmos, que devem sempre, ser repostadas!
=D

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