terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Dentro do meu lugar-comum


'Enquanto houver você do outro lado aqui do porto
Eu consigo me orientar...
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar...'


Ela tinha sabe se lá quantos anos, mas chorava feito criança. Não se importava mais com as pessoas passando por ela olhando sem parar, não ligava se a maquiagem estava borrada e o contraste do rosto bonito com o vestido florido não ficasse legal. Ela sofria.
Queria que o mundo acabasse logo para não ter nunca mais que sentir dor alguma, queria nunca mais sorrir, nunca mais chorar, nunca mais lembrar.
Queria qualquer coisa que fizesse o coração insano parar de bater compulsivamente e sossegar no pôr-do-Sol ali na praia.
A praia do primeiro beijo, a praia do 'juntos para sempre', a praia onde um dia eles iriam se casar.
A praia que agora presenciava a despedida de um amor de verão, daqueles que infelizmente não sobem a serra.
As férias estavam indo embora e ela teria que ir junto, prometendo fazer com que Goiás fosse logo ali do lado, prometendo pensar nele o tempo todo no avião, o tempo todo a vida toda.
Ele apertou sua mão, sabia que era inútil fazer promessas, amor para ele era brisa leve, não podia causar tanta dor assim. Ele acreditava no momento. Ela almejava o 'pra sempre'.
O carro da mãe parou e buzinou, os olhos cheio de lágrimas e de sonhos tentaram deixar com ele um último sorriso, mas foi impossível.
Puxando com carinho o corpo quente da menina do interior que aprendera a surfar e a amar nos braços dele, ele deu a ela o melhor abraço, aquele que jamais daria a outro alguém.
Ele também havia aprendido, também havia amado e também estava triste, mas ele sabia que era tudo assim, a vida quase sempre imita o mar.
- Eu vou ligar sempre, e a gente se fala por msn.
Ele podia sentir as lágrimas dela.
- E eu vou sempre vir aqui e lembrar você.
O abraço acabou e ela o puxou de volta.
- E eu nunca me esquecerei deste lugar.
Ele pensou que ela falava da praia, do banquinho, do pôr-do-Sol, mas ele era só um surfista. Ele nunca entendeu que ela falava dos braços dele, do coração batendo no ritmo decorado e do suor que fazia brilhar o peito que ela queria morar para sempre.
- Nunca.
Fez o máximo de força que conseguiu e se soltou dele, pelo tempo que fosse preciso até a próxima vez ou o próximo amor.


(Música: O Anjo Mais Velho - Teatro Mágico)

6 comentários:

  1. muuito bom, perfeito, e eu me identifiquei demais com esse texto, porque eu ja senti exatamente o que essa menina está sentindo, ou sentiu, não sei, mas foi exatamente assim, talvez a dor tenha sido bem pior por não ter sido apenas um amor de verão..mas foi como se tivesse sido no momento...é complicado :D mt bom mesmo, adorei :*

    ResponderExcluir
  2. OWN, amei *-* Tá tão legal, mesmo! Você já é professora? OWN, minha futura profissão!

    Um beijo :*

    ResponderExcluir
  3. Essa texto me destruiu. kkkk' Muito, muito, muito bonito. Mas é sempre assim, não é? Amores de verão só durão uma estação... E ainda são lembrados por um bom tempo.

    ResponderExcluir
  4. Nossa, adorei o texto! Sem palavras... Esses amores que são passageiros, mas pedem para serem perpétuos, são os mais crueis.
    Tu escreve magnificamente, menina!
    Gostei msmo!

    Bjins...

    ResponderExcluir
  5. Ai que final mais lindo, adorei de verdade. Não sei, me tocou. Beijos!

    ResponderExcluir
  6. ain amor de ferias é tão bom, nossa eu ja vivi muito isso, demais seu texto amr, parabéns *-*

    ResponderExcluir

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...