sábado, 7 de novembro de 2009

É cedo ou tarde demais, para dizer adeus...

Infelizmente ele fazia parte de mim, não sei em que momento passou a fazer, mas a verdade é que me doía a alma estar sem ele.
Eu não podia explicar a dor nem que quisesse, de fato senti-la me sufocava e entupia tudo com uma angústia, com um choro que transbordava por mais que eu tentasse impedir.
Eu odiava dar tanta importância e odiava ainda mais porque sabia que não era só importância, era muito além disso. Mas eu não podia ir contra tudo o que sempre sonhara, não podia largar tudo agora que era real, não podia.
E ao mesmo tempo não podia parar de chorar, não havia forças...
Era como se uma parte de mim fosse ficar sempre ali, perdida naquele sorriso turrão, naquela maneira teimosa de ver tudo, naquele bilhete amassado propositalmente tantas vezes com aquela caligrafia típica de pessoas teimosas: 'Eu acredito em você.'
O que mais dóia era a segurança das palavras, era sentir que ele acreditava, que ele sabia desde o princípio que eu conseguiria e mesmo assim, eu não tinha forças para não olhar, eu não conseguia esquecer, eu não conseguia acreditar que seria capaz de terminar de fazer as malas, de partir e deixar essa parte de mim presente ali.
Uma parte que me fazia tanta falta, como que sem ela nem mais fosse possível respirar...
O pranto me tomava o fôlego e eu estava apenas começando arrumar as coisas.
Eu me convencia de que tinha sido uma idiota e gritava pra mim mesma a cada roupa colocada e lágrima que rolava.
Mas eu estava apaixonada, por mais insano e idiota que fosse, e meu coração pedia mais que qualquer outra coisa pra abandonar o que fosse preciso mas pra ficar pra sempre ali, mesmo que o pra sempre durasse o tempo necessário de uma paixão.
Olhei mais uma vez o bilhete, ele sempre cantava 'Eu não acredito em muitas coisas, mas em você eu acredito'.
Eu preferia a dúvida do que aquela cruel certeza de que eu iria embora, eu o deixaria, ele e a confiança de que eu conseguiria. Ele e a confiança de que eu teria sucesso.
Ele e o meu amor.
'Eu acredito em você'.
Coisa louca isso da gente acreditar em quem ama. Ele me amava, ele acreditava em mim, e isso implicava ir embora, deixar o amor dele pra trás, deixar o nosso amor, os nossos sonhos, a nossa vida.
Só daquela vez eu queria muito que ele não tivesse acreditado, eu queria que ele tivesse dito que eu não passaria na prova, que eu não iria embora.
Eu queria que ele tivesse apenas me amado. E deixado tudo pra lá.
Eu queria deixar tudo para lá.
Mas não podia trair assim a fé que ele depositava em mim.
Nem sabia mais o que estava colocando na bolsa, nem lembrava a hora em que o avião partia, não saberia soletrar meu próprio nome.
Mas eu sabia a cor dos olhos dele, eu sabia o quanto tinha sido duro para ele acreditar em mim, e eu não poderia, jamais, dizer que não.
O amor não permitia.
Se ele acreditava em mim, eu precisava acreditar que seria capaz de sobreviver longe dele.
Eu precisava.
Amassei de novo o bilhete, joguei dentro da bolsa e fechei.
Acreditar já não bastava agora.
Era preciso ir embora.


(Para Once Upon a Time)

4 comentários:

  1. amei! você escreve muito bem :D

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  2. Nossa... Que triste! Uma das piores coisas desse mundo é decepcionar as pessoas que amamos (ou A pessoa). Deve ser muito doloroso ter que deixar um amor pra trás...

    :´(

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  3. É sim Clara. Mas a história não é real, é fictícia, criada pro blog Once Upon a Time!

    Beijooo linda!

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  4. aai neem me fale em coisas de amor. isso anda mto tenso pra mim -e. ;~;

    :*

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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