quinta-feira, 21 de julho de 2011
Dos caminhos
Ana Terra questionadora que era ensaiara durante tempos a pergunta ao professor de ciências, e agora ali, na beiradinha da mesa apertando as mãos e quase relutando, medo de ser idiota, aquele medo que as adolescentes sempre têm.
- Professor, sendo a centopeia cheia de pernas, não era certo ela ter mais desenvoltura?
E o professor deu um tempo em guardar os materiais categoricamente, como fazia todos os dias, todos os períodos e resolveu prestar atenção na menina de franja meio torta, olhar marcado e mãos vivas.
- Mas é que ela tem muitas pernas pra sentir melhor por onde passa, pra ter certeza, firmeza.
E aquele dar de ombros tão Ana Terra.
- E se ela não quisesse, e se ela quisesse só voar, ser borboleta, sei lá professor!
Sorrindo ele fez como ela, deu de ombros, não entendia da natureza das coisas que faziam a centopeia, não entendia porque às vezes não havia como voar, não entendia como uma menina de treze anos pensava coisas assim.
Mas a vida era essa, não haviam respostas, não para todas as perguntas.
Podia-se apenas tentar aproveitar o toque de todas as pernas enquanto a sensação das asas batendo não viesse.
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Que texto encantador esse seu. Gosto desse brilho que as suas palavras têm, faz com que voemos mesmo com a pouca desenvoltura da centopeia. ^^
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