Eu não acredito que as coisas simplesmente aconteçam, mas eu tenho que admitir que de uma hora para a outra eu queria que elas acontecessem sempre ao seu lado. Eu não acredito na sorte e por mais absurdo que possa soar aos seus ouvidos desatentos, eu ando perdendo todos os jogos e não me importando, mesmo sendo a competitividade em pessoa, eu tive muita sorte em encontrar você. Eu tive muita sorte em teimar e você insistir. Eu tive muita sorte em ouvir da sua boca o meu nome bem próximo ao meu ouvido e sentir estalar qualquer coisa em algum lugar, porque seria banal dizer que meu coração se abriu pelo som da sua voz.
Não foi por ela, não só por ela.
Eu queria acreditar no amor de conto de fadas quando era menina e talvez por isso eu não queira mais crer naquela coisa surreal de olhar alguém e desejar tocar a mão daquela pessoa, talvez por achar que é coisa que criança acredita eu não quero acreditar que desenhar bem pequenininho nossas iniciais no cantinho do caderno seja uma coisa normal a se fazer.
Eu não acredito em amor assim, mas a resposta está escrita em meus olhos, eles não sabem mentir.
Não sei que coisa mais incoerente se abateu sobre minha vida e eu me pego pensando em você na hora do almoço, garfo catando batatinhas fritas?
Que aberração tomou posse do meu coração que minhas mãos sorriem quando pego o celular e vejo que é seu número que está me ligando?
Que tipo de pessoa sentimental eu me tornei por sua causa?
Ou não foi por sua causa, foi por minha culpa que desacreditei tanto que alguém quis provar que era capaz que me apaixonasse uma hora ou outra, perdesse o ar e quisesse buscá-lo no peito de outra pessoa. Eu que via comédias românticas e achava que estava imune ao vírus mortal de suspiros quase poéticos...
E você se questiona do que eu sinto? Você não sabe a bagunça que está dentro de mim porque uns insistem em dizer que te querem tanto e eu teimo que é comum, normal, querer alguém assim. A sanidade foi morar na Floresta Amazônica e plantar árvores para reflorestar o Planeta, cansou da confusão que tem aqui dentro.
E sabe o pior, nem ficou buraco da falta dela. Algo anda crescendo bastante aqui, acho que é seu pedacinho piegas enraizando.
Deveria ter medo, mas você sorri de um jeito tão confortável, faz parecer tudo tão simples, faz parecerem bobas todas minhas listas de prós e contras. Você faz com que pareça forte e perece meu coração cimentado por tolice de menina ingênua que acreditava mesmo que paixão não vinha sem avisar.
Você bateu né? Bateu na porta e foi entrando, meio esbaforido você. Mas não posso negar que algum som você deu, eu é que estava tão ocupada fechando as janelas que quando notei lá estava você, sofá seu íntimo, controle na mão e copos em cima dos livros da mesinha, mostrando já o desalinho que seria.
Sujeito folgado.
E o pior, ou melhor, já que ser coerente deixou de ser necessário, é que não quero te expulsar. Não quero nem tirar os olhos da sua figura marcando presença por onde passa de modo mais desajeitado impossível.
Eu descobri que não fazer sentido é ter sentido algo.
(Texto para a Edição Musical do Projeto Bloínquês)
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