'Às vezes perder o equilíbrio por amor
faz parte de uma vida equilibrada'
O amor pode ser terrivelmente claustrofóbico. Ou pode ser uma gaiola aberta. Depende muito mais de quem está disposto a voar do que das circunstâncias externas.
Aprendi com a escritora Liz que às vezes a melhor maneira de achar uma resposta não é aproximar os olhos do papel, é afastar a mente.
Em 'Comer Rezar Amar' (assistido hoje pela tarde) Julia Roberts se encontrou. Consigo sentir veracidade em cada lágrima derramada, a cena do banheiro em que ela conversa com Deus pela primeira vez me pareceu de uma realidade e simplicidade únicas!
O filme é bem mais que a história de uma mulher que tinha tudo e se descobre vazia. É a história da renúncia do que se acredita possuir, a história da coragem de quem vai para países novos sem nem dominar completamente o idioma e principalmente a história da busca de alguém por si mesmo, um caminho difícil de trilhar que não deixa carimbos em passaportes.
Liz (Julia Roberts) é uma escritora que tem seu nome feito, uma casa hipotecada e um marido meio esquisito, mas ainda assim um bom homem. Mesmo assim ela entra em crise (entra aí aquela teoria minha que toda mulher um dia entra em crise), pede o divórcio e se prepara para uma viagem de um ano por três países desconhecidos. Começamos aí a morrer de inveja. Na deliciosa Ítalia ela redescobre o prazer de se amar corporalmente, tornando-se livre sem a preocupação obsessiva que quase todas nós temos contra os pobres coitados dos carboidratos. Na Índia ela encontra a parte mais elevada de sua alma, e se completa mais um pouco entendendo que é parte de Deus e que por isso ele também é parte dela, não há necessidade de busca exterior. Mas quando chega à incrível Bali é que Liz percebe o que estava perdendo (um brasileiro lindo chamado Felipe, qualquer semelhança é mera coincidência).
Brincadeiras à parte, amar é sempre complicado, não por soar compromissivo até o último fio de cabelo, mas porque todo mundo tem alguma cicatriz e às vezes até um restinho de veneno onde o espinho já fincou anteriormente. Amar é sempre um risco desmedido e nossa tendência humana é evitar correr tais riscos.
A maior lição que o filme me mostrou hoje é que fingimos que complexo é sair de nossa zona de conforto e sim, abandonar família, um casamento falido, um bom emprego, tudo e mais um pouco é loucura e exige muita coragem.
Mas tudo isso não vale se não houver porque mudar e esse amor não é externo, não vem do outro, mas da renovação da nossa eterna capacidade de amar. Quando nos dispomos a sair da nossa área de conforto emocional o choque é forte e quase igual a cair de uma altura considerável sem dobrar os joelhos. O susto grita. O pulso acelera e as costas ficam tensas.
Porque pode não dar certo e pode-se magoar de uma forma nova e péssima, como as outras.
Mas como saber se a balança aguenta sem testar o peso?
Se não valer a pena pelo sentimento, que valha pela história que se terá para contar aos netos, pelos suspiros das primeiras semanas e pelo brilho de olhos. Que valha pelos ensinamentos de que ser inteiro não é buscar no outro a metade, mas abrir o peito completo e cheio de amor próprio pro outro tentar pendurar boas novas nos galhos de tudo que brota ali dentro. O filme me fez querer fazer a minha história da certo.
Eu gostei da história da Liz, e olha que já tinha lido o livro!
P.S.: E achei a minha palavra no mundo, é 'palavra'.
Ficha técnica e dados essenciais:
Nome: Comer Rezar Amar (Eat, Pray, Love) - 2010
Estrelando: Julia Roberts (bem convincente), Javier Barden (falando um portunhol arranhado na intenção de convencer como brasileiro, podia ter sido melhor) e a lindíssima Anakia Lapae (interpretando a pequena balinesa Tutti, cheia de charme e desenvoltura contracenando com todos).
Gênero: Romance
Classificação: 4 estrelas
Assista com: amigas ou sozinha (não é filme para ver com o namorado, é muito auto-ajuda para o gosto masculino). Se você for homem alugue e assista com a namorada, ela provavelmente não entenderá a sua escolha, mas ficará feliz!
Preste atenção em: os cenários realmente são dignos de nota! Lugares deslumbrantes para todos os gostos, das clássicas paisagens de Roma, passando pelas ruas tumultuadas e confusas de Nápoles, visitando uma Índia de verdade, com meninos pedindo esmolas e vacas soltas pelas ruas, praias paradisíacas e plantações de arroz até perder de vista na Indonésia. Quando acaba o filme você praticamente viajou com a Liz.
Bom filme!
(Quase sempre que assisto a um filme fico com a sensação de que ele me assiste em algum aspecto, me auxilia mostrando por outro ponto de vista a resolução de um problema meu. Por isso o título da coluna semanal do Sucrilhos que saíra toda quarta-feira acabou sendo esse. Muitos filmes me assistem, me transformaram e ainda irão ajudar a formar minhas opiniões. Essas resenhas não têm a pretensão de serem consideradas críticas literárias, são apenas o que eu achei do que foi visto, o que eu considero ser importante citar e compartilhar. Espero que despertem a curiosidade!)
Olá, querida!
ResponderExcluirNossa, coincidência mesmo, hein?
Adoro esse livro e já assisti ao filme também. Muito bom, belíssimo, tanto na história (que faz jus a do livro), quanto nos cenários! :)
Comecei a ler o "Comprometida", mas confesso que não me interessei e passei ele para frente em um sebinho que fiz no blog ;)
Achei algo muito técnico por assim dizer, fala muito sobre culturas e casamentos nessas culturas, porém não conta quase nada sobre ela e o casamento dela.
Não sei, a mim, não agradou.
Que coisa boa saber que vai lançar um livro, flor :)
Alegria, hein?
E é sobre o que?
Beijocas =*
Oi, obrigada pelo comentário la no blog, viu? E pelo carinho.
ResponderExcluirSobre o filme, eu sempre tento assistir, mas nunca consigo. Sempre acontece alguma coisa. Mas pelo que você disse parece ser muito bom mesmo.
Beijinhos.
http:/dinhacavalcante.blogspot.com
seguindo seu lindo blog ameii
ResponderExcluirme segui tbm http://intensamenteamor.blogspot.com/ bjim
chorei muito assistindo esse filme
ResponderExcluire o livro é lindo