sexta-feira, 31 de maio de 2013

Deste e dos que Virão





Pequeno,
Com o pincel vermelho acabei de riscar o dia 31 de maio e um sorriso foi surgindo travesso, olhe que maio mais lindo de ventos gelados e cafés quentes.
Fazendo um 'xis' bem grande eu enterrei os últimos fantasmas de um maio de tanto tempo atrás que me assombrava, toda a louça pendurada sobre a pia permaneceu intacta até mesmo quando eu bati as portas com a força de nascer de novo em pleno maio, abril ou qualquer outro mês.
Maio segredou tanta coisa meu amor, tanta que tivéssemos a chance de voltar ao pré-escolar a gente poderia passar todos os recreios rabiscando cartilhas e ainda sobraria lição de colorir junto, olhar cúmplice e esbarrão leve de mão.
Parece milagre que eu tenha chegado até aqui sem nenhum arranhão, se eu te contar baixinho no ouvido o nome disso você jura que não espalha? A gente sobrevive ao que quer meu bem, a gente sobrevive quando se cansa de morrer pra ver quem vai chorar em cima do caixão. Não tem lágrima alheia que valha, uma hora a gente aprende e dizem que isso se chama Amor Próprio. Eita maio produtivo!
Caíram todas as folhas da nossa árvore e todo dia quando passo por lá fico pensando que deve ser gelado quando chega a madrugada. Ser árvore é isso, permanecer, não é? Maio ensina isso amor, por dias vai ser tão frio que a gente vai ter vontade de tirar o que fez de raiz e sair em busca de um verão que nos acolha, mas vale o quê ser verão constante?
Por tanto tempo te pedi paciência comigo, por tanto tempo te pedi pra manter a mão segurando firme, sabe, carecia porque não havia segurança interna que me evitasse cambalear no gelado vendaval. Houveram maios em que até olhar no espelho e ver o passar dos dias me assustava, tive tanto medo no começo do que poderia ser esse.
Tive medo de que o que há de novo em mim começando a nascer e voltando a me plantar sorrisos fosse embora. Tive medo de que maio roubasse minha alegria. De que maio trouxesse qualquer coisa que me fizesse mal.
Aprendi outra coisa: a gente se permite o mal.
Eu escolhi não enxergar cicatriz em maio e olhe, se você procurar te juro que não vai achar. Não me dê créditos por isso, não há mentira em nenhuma linha de expressão, é só que hoje se eu adormecer no meio da prece vou acordar sorrindo de abençoada que sou por ter a chance de viver mais um dia e terminar a oração.
Hoje se vier o sono ou o vento ou qualquer lembrança, tola ou não, hoje, vindo o que for pra ser vai ser recebido com o carinho de quem aprendeu a acreditar que esses são outros maios. Esses são outros tempos.
Outros sorrisos, outros momentos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...