segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Da cor que você tem



Mudo a cor do quarto mas a vontade que me vem sempre que me deito e fechos os olhos é que seu coração me adormeça no ritmo que só ele sabe bater. É seu cheiro que me guia no mundo das fadas para onde vou quando sonho, vou feito personagem de desenho animado suspirando atrás daquele perfume que você tem por de trás da orelha e que é só seu, cheiro de menino dormido, de amor com conforto de almofada grande e cafuné.
De tudo que já vi de belo nesse mundo sem fim a cor que seus olhos tem quando quase se fecham por excesso de sol ganha por muito do azul sem fim do mar de Angra. É seu marrom de terra nova que planta em mim coragem e eu me abestalho, rio boba e tímida enquanto você se questiona em que cerca foi amarrar seu bode namorando alguém tão cheia de maluquices.
De te amar morreram meus medos mais infantis.
É você quem vem me ensinar sobre sapos e constelações e pedais, é você quem vem por toque singelo declamar amor tão forte que nunca vi palavra dita definir melhor. Quem inventou os termos ditos não teve o prazer de ver sua caladice cheia de cálido afeto me deixando sem saber o que dizer.
Por você aprendi a esperar sem receio porque você me ensinou que não é o vento quem traz de volta, é o peito que acha o caminho dele, vente em que direção ventar.
Faz favor de vir calminho me assustar, me matar de rir com cócegas e fazer todos os outros acreditarem que somos um casal esquisito, um casal que aprendeu a construir a própria história, uma história bonita por demais a ponto de eu parar de ler todas as outras pra viver a nossa, só nossa.
Vem cá que meu mundo é cheio de cor, mas é só você quem me beija pela manhã e me desperta pra ver tudo isso.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Amor é pra quem ama



"A verdade é que relacionamento é coisa de gente altruísta. Gente egoísta não tem vez. Relacionamento é para os mão-aberta. Para os ouvido-aberto. Para os cabeça-aberta. Para os coração-aberto… E é por isso que eu gosto de gente que tem algo para doar. Gente que ama a própria vida. Gente que tem coisa nova a ensinar. Gente que tem história boa para contar. Gente que já aprendeu a se doar."


Então vem alguém dizer que não tem tempo para se apaixonar pelo dia amanhecendo, não tem tempo para enxergar como é bonito quando a chuva cai devagarzinho, que não tempo de reparar que existem pontinhos claros no céu de noite. Já cansei de me relacionar com pessoas que não têm paixões. Ou às vezes tinham, paixões mortas. Um amor da adolescência que não foi vivido por conta de um medo tolo, um sonho de cursar uma faculdade que foi vencido pelo curso que dava mais dinheiro. Uma paixão platônica que ficou na platonice e estacionou. A gente cansa de se empenhar e se doar pra quem tem medo, porque quem tem medo nunca dá o próximo passo. Quem tem medo nunca acende a luz sem antes ter uma mão para segurar e às vezes a gente também precisa que o outro acenda algo por nós. Quando eu me dou, é por inteiro. Aprendi na marra que água morna não serve nem gelo nem pra chá. 
Cansei de gente que chora a vida que passa e permanece, aquele tipo que te joga um balde de água fria quando você amanhece ouvindo passarinhos e por amor e gentileza diz 'bom dia' desejando de verdade que o dia do outro seja iluminado e ouve em retorno algo rude como 'não sei o que tem de bom'. É difícil enxergar o que tem de bom na vida mesmo. É difícil enxergar que você tem dois olhos e que claro, não enxerga porque deve ter tropeçado e em algum momento desaprendeu a erguer os olhos. É muito difícil enxergar que se a sua vida é uma merda a culpa certamente é sua, afinal, a vida é de quem? Tão fácil sentar e dizer que o outro é uma criança, que não tem maturidade para enxergar a vida adulta, que é bobo, é tolo, que vai quebrar a cara por se entregar, por se arriscar. Tão cômodo apontar quando o outro cai e dizer que é por isso que está ali, porque assim se preserva. 
Auto-preservação é diferente de não viver. Não viver é auto-destruição, afinal de contas, para o que mesmo viemos? Eu não vim pra ser planta. Eu sequer sirvo para encher o planeta de oxigênio! Que eu viva então porque as histórias que eu vou contar ninguém poderá escrever por mim. Que os amores que se forem da minha vida escolham ir por erros que eu cometi, não pela falta de ação da minha parte. Que quando eu calar seja por já ter dito tudo que era preciso, não por ter engolido os termos de tanto medo. Que quando eu amar eu vá ao céu e ao chão, se for esse o caminho, mas que eu entenda, sempre, que as lições que me são destinadas eu só vou aprender se me dispor. 
Eu sou a boba, a criança que ama fácil, a que enxerga beleza até mesmo no pardal. E sabe, de hoje em diante, quero relações com gente assim, que saiba rir dos próprios erros, que role no chão sem falsos pudores, que não estrague os sorrisos alheios por não saber sorrir naquele momento. Gente que não vai guardar a melhor louça para a ocasião certa, que vai pegar um ônibus, um trem, um avião ou cometa para se aproximar. Gente que vai dizer e vai mostrar que me ama sem medo de que eu fique piegas, ser piegas é sinal que eu sinto algo, você sente? 
Quero perto de mim gente que acrescente, que me contamine com uma paixão nova e que tenha brilho de olhos ao me ensinar. Nunca disse que queria alguém perfeito, mas que seus defeitos sejam seus e que você não os mascare para em uma última conversa fria dizer que eu estraguei tudo. Quero gente de verdade, que saiba que comunicação transcende rede social, que um abraço é bem diferente de uma figurinha de whatsapp, que entenda que ser amigo não é concordar sempre, mas é no mínimo ser gentil. Gente que esteja comigo porque quer estar. Que seja inteiro, porque metade de algo não me serve nem de enfeite.


(Fragmento entre aspas desse texto aqui, ao som de Amor é pra quem ama - Lenine)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

In-Finitamente



And as I say it louder I love how it sounds
Cause I'm not taking the easy way out
Not wrapping this in ribbons
Shouldn't have to give a reason why
It's no surprise I won't be here tomorrow

A gente se perdeu. Acontece com tanta frequência que às vezes nem se nota. Um desvio de olhos e o caminho não está mais ali, as marcas dos pés meio tortos se foram e não há mais rota comum. Coisa estranha.
Veio sem dor a sensação de olhar em volta e procurar em vão, veio sem doer a sensação de que eu só estava procurando por obrigação, logo pra mim, dotada dessa vocação pra novela mexicana, logo pra mim que tudo me dói. Logo pra mim que acreditei que morreria a cada dia que você não estivesse me desejando algo bom.
A gente se perdeu e eu fiquei sabendo da mesma forma como a gente se achou: dois cliques naquela página desatualizada de uma rede social. Você ainda na minha timeline, na minha agenda, nos meus contatos. Você sorrindo e me deixando feliz a grandeza real do seu sorriso, mas não mais sendo parte.
Meu paraíso infinito nas mãos, enfeitando a paisagem, e eu senti um pingo de falta sua, até perceber que eu sequer mencionara algo com você sobre toda minha felicidade recente. Era falta sim, entretanto era maior a preguiça de lidar com uma resposta meia-boca de sua parte.
Em algum ponto da auto-estrada eu preferi evitar você porque a gente já não era mais tudo aquilo.
A gente se perdeu na hora provável em que eu arrancava o tênis pra sentir o chão firme e você pulava do avião, olhos atentos enquanto os meus se fechavam de delicadeza. Foi um tempo tão em paz para mim, tão perfeito de ver estrelas cadentes e pensar que já era agraciada demais por tudo que tinha que me deparar com o que não éramos mais não causou nem cócegas.
Tem dessas coisas a vida e pense você o que quiser, eu não me culpo mais: a gente não se perdeu porque eu errei a rota, porque fiz escolhas com as quais não pude lidar, porque agi de uma forma que não foi compreensível para você ou ainda não consegui te fazer entender o que se passava na minha cabeça confusa. A gente se perdeu porque meu barco resolveu que mar a dentro a gente vai de peito arreganhado mesmo, sem chorar o que as ondas nos tomam. Não foi uma escolha minha nem sua, culpemos ou amemos as escolhas do mar.
Foi lindo ver sua vida brilhando nos olhos mesmo através de uma foto, seu riso solto, mesmo tendo a certeza absoluta que não era mais parte de nada daquilo. Porque calhou de justo no dia que notei que havíamos nos perdido eu constatei quão lindo era ter me achado. Coisa bonita mesmo, de reconhecer reflexo na água corrente.
Ficou aquela lembrança boa de coisas que foram bonitas por demais e partilhadas por retina, por pensamento ou inglês mal falado em sonhos californianas. Músicas do Lulu que serão pra sempre nossas mas que tocarão em outras rádios agora. Fico o quem sabe pra me acompanhar dizendo que talvez um dia a gente volte a se achar, embora eu saiba bem certo que você solta a mão apenas uma vez, embora eu tenha a convicção exata de estar quebrando a promessa que te fiz, aquela de que jamais te deixaria ir.
Não vou me desculpar por isso, já me desculpei demais em tão pouco tempo, são outras estradas e quero que caminhe comigo quem tem a alegria de estar ao meu lado, não adianta insistir em uma corrente em que os elos estão fracos, sabemos que essa distância toda que nos impomos enferruja qualquer metal, ainda que nobre. Hoje eu quero laços. Quero linhas, não me cabe mais insistir que tenho de ir atrás de você e te pedir pra ficar. Te pedir pra me deixar ficar.
Por hoje é apenas bom saber que meus pés sentem cada pedaço de terra fértil enquanto os seus estão por aí, no ar. Em algum lugar do Universo terra, água e mar se encontram.


(Ao som de Chris Daughtry - No Surprise. Tradução: Conforme eu digo isso mais alto eu amo como isso soa, porque eu não estou tomando o caminho mais fácil, não estou embrulhando nada em fitas e não tenho que dar a razão disso. Não é nenhuma surpresa eu não estar aqui amanhã.)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Do que chega


"You put your arms around me
And I'm home"

É que eu fiquei me sentindo a pessoa mais boba do universo quando você sorriu e me abraçou com os olhos, aquele gesto tão simples, tão íntimo e carinhoso e seu, só seu. Eu me senti tão aconchegada que quase engasguei engolindo o ar que tentei respirar pra sempre, tentativa de sorver o instante, de eternizar.
Foi tanta coisa, tanta, já contei mil vezes não é mesmo? Eu desaprendi, desculpe.
Fui criança um dia e enchi a casa de flores de primavera recente, abri a janela, decorei a prateleira, coloquei o disco favorito, o tapete mais macio, o sorriso que mais iluminava, mas não foi o bastante. Um dia o meu máximo não foi o bastante e será que você entende quando digo que talvez eu só tenha desaprendido a ser assim, mesmo com tudo bagunçado, apreciada?
Lua em câncer que sou, guardei tudo e desisti de ser amada. Não, estou sendo exagerada, você sabe como me cabe tão bem essa capa de exagero. Foi mais uma coisa de 'vamos para frente, ninguém tem tempo e nem disposição pra cobrir leitos de flores'. Fui seguindo, engolindo em seco a reverberação do amor dentro de mim, fui aprendendo a ser feliz me abraçando todas as manhãs, recitando Drummond e Quintana, engolindo a vontade de chorar quando queria e não é que uma hora a máscara de menina forte tinha se adequado tão bem que até eu acreditei que tinha deixado de ser uma boba que ainda se ri por dentro de afetos inocentes?
Voltei a saber ser criança. Sabia que nessa primavera fria os meninos estão adorando tudo porque esse vento faz as pipas enfeitarem o céu azul? Outro dia me peguei rindo do céu estrelado por trás de um ipê branco que quase me impossibilitava de ver o fundo escuro. Ah, talvez seja por ter aprendido a ser meu próprio bem que agora você tenha vindo, não foi? Alguém que se foi de carona naquele último trem me disse que as pessoas são muito mais agradáveis quando estão de bem consigo mesmas.
Pousei o sorriso, vê daí? Enchei tudo de perfume gostoso, vem cá. Não vou insistir pra você ficar, não cabe a gente pedir ao outro mais tempo no que já acabou nele, não cabe insistir pela permanecência de folhas que já mortas se despreendem, a verdade, demorei para aprender, é que quem ficar sempre encontra um jeito.
Mas hoje me fez tão bem o seu gesto, me fez sentir um afeto recíproco tão delicioso que andava esquecida de como era bom ter quem sorrisse e afagasse, hoje me fez só bem saber que esteja onde eu estiver, completa em mim, tenho ainda o que me acomode, tenho ainda espaço pra ser grande em corações bonitos.
Com toda a força do verbo conjugado, quando o te amo retumbou nos meus ouvidos e dedos e olhos, e senti dentro do peito o ninho já feito se abrir mais um pouquinho.
A gente sempre pode acreditar que o espaço jamais será maior do que a beleza do que vai ocupar. A beleza de quem vem só pra trazer bem.

Ao som de Arms, Christina Perri

sábado, 28 de setembro de 2013

'Love, love, love' - Glee 05x01


*contém spoilers
Glee voltou.
Finalmente, depois de uma temporada inteira sendo uma série estranha para todos os fãs, Glee voltou, o bando de losers que não se importam com que os outros pensam, a treinadora mais odiada e amada do universo de séries, a Rachel Berry que corre atrás do que quer, a Santana que todos nós amamos...
Tanta coisa para falar desse episódio que pra mim já se tornou épico!
Comecemos pela ausência considerável do Cory. No começo da temporada passada não tínhamos Cory também, mas havia de certa forma uma perspectiva de que em algum momento Finn retornaria. Achei vaga a ideia dele não estar lá, para mim a morte dele já deveria ter sido explicada desde esse episódio, como até mesmo Mercedes estava no pedido e Finn não estaria? Até porque o personagem foi bem recorrente no final da temporada, entretanto acho que a ausência dessa explicação (e também do fato de que Ryder permaneceu no clube, mesmo tendo dito no fim da temporada passada que iria embora), não tirou todo o mérito da produção grandiosa do episódio!
Já nas primeiras cenas temos o retorno da personagem que se perdeu em algum lugar no fim da terceira temporada. Rachel, a estrela, a que sabe o que quer, a que corre atrás, a que acredita em si mesma. Que fã de Glee não se lembra da estrelinha dourada colada no primeiro episódio: essa é uma metáfora minha, porque eu sou uma estrela! Se existe alguma coisa capaz de salvar a série da ausência de Finn e Britt, essa coisa é o potencial de Rachel.
Fazia tempos que não assistia um episódio com canções tão bem escolhidas, como não babar na performance perfeita de Santana e Rachel na lanchonete. Apenas morri de inveja de todas as pessoas que podem comer batata frita ali.
Sobre casais não há muito o que dizer, mais uma vez Klaine domina a cena e eu realmente acho um saco os dois, não é preconceito, mesmo, meu casal favorito sempre foi Faberry e esse sequer existiu de fato um dia, é só que cansa. Outra vez escadaria da escola e música. Outra vez calça colorida, gravata borboleta e óculos. Repetitivo.
Artie e Kitty por outro lado surpreendeu até aos mais desacreditados, não é que a mocreia teve jeito? Digam o que disserem, achei fofo. A fala dela sobre o medo que ela sentia, foi sincera, pareceu nobre e real.
Tina também arrasou e se Bree (a nova mocreia) não se cuidar perderá o posto de bitch facilmente. Tina sendo má é maravilhosa e acho que a personagem tem potencial de sobra pra vilanice. Pense uma associação de Tina à Sue. Fadada ao sucesso.
O pedido de casamento foi legal, não curti a ideia de casar jovens porque né, se fosse pra casar saindo da escola por que então o casamento Finchel não rolou? Haters que me queimem mas achei muito mais legal 'We Found Love', para mim nenhum pedido supera aquele.
A audiência americana parece não ter botado fé no episódio, foi o terceiro menos visto, só que acredito realmente que a renovação da série vai angariar mais fãs. O núcleo de Nova York tem muito a crescer com Santana por lá, se for explorado da forma certa, ainda temos que lembrar que vem aí personagem nova e interesse amoroso para a latina. E teremos o tributo ao Cory, aquele episódio em que todos morrerão de chorar e tudo mais.
Palmas para o profissionalismo de todos da equipe, o show sempre tem que continuar.
E eu aposto como dessa vez, vai continuar rumo ao ápice.



Para ver a performance mais legal do episódio dê um pulo aqui.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Prateleira Neurótica: Tamanho 42 não é Gorda


"Vou me apaixonar por algum outro cara assim que der. Juro.
Mas enquanto isso, qual o problema de eu aproveitar a companhia dele?"

(página 73)


Heather Wells já teve tudo que uma garota poderia querer: foi uma cantora pop de sucesso ainda na adolescência, tinha o namorado dos sonhos e um futuro brilhante como os milhares de discos que pretendia vender.
Aos 28 anos e já um pouco distante da adolescência, a versão adulta de Heather trabalha em um alojamento estudantil procurando meios de conseguir através do emprego uma bolsa na Universidade de Nova York, uma vez que ser apenas uma ex-cantora pop não faz mais parte dos seus planos.
Cooper. Cooper sim faz parte dos seus planos, ele é o detetive mais particular da Big Apple e além de tudo tem o coração mais formidável do Planeta, permitindo que ela more emprestado no apartamento de cima. Sim, Cooper também é o irmão do ex-noivo/cafageste/lindo de morrer/cantor de sucesso que arrasou com o coração de Heather, mas quem se importa?
Apesar de ter sido traída por Jordan, ter perdido todo o dinheiro sendo roubada pela própria mãe que fugiu com seu empresário e ter chegado ao tamanho 42, Heather gosta do seu novo trabalho. Gosta da paz que existe no Conjunto Fischer, do seu cargo de diretora assistente, de alguns colegas de trabalho, aqueles que não ficam dizendo que ela tem problemas psicológicos e que deveria tratar seus traumas.
Meg Cabot tem um jeito leve de narrar as aventuras de suas heroínas, conheci essa leveza através de Mia Thermopolis na série O Diário da Princesa, mas com Heather me surpreendi, a personagem traz um humor possível, além do suspense que recai sobre seu alojamento após a morte misteriosa de duas meninas.
Tamanho 42 traz comédia, paixão, aventura e a pitada certa da loucura nossa de cada dia, certamente você vai se envolver com o raciocínio criminal quase beirando a genialidade de Heather e ao mesmo tempo gargalhar de suas inseguranças emocionais e sua imaginação mega fértil para fantasias de cunho altamente físico.


Dados técnicos:
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Número de páginas: 411

Dados Essenciais:
Avaliação pessoal: 4 estrelas (fácil de ser lido, enredo que se desenvolve bem e personagens bons!)
Melhor personagem: Heather Wells
Personagem mais chato: Jordan Cartwright
Preste atenção em: Cada capítulo começa com uma canção de Heather.
Citação favorita: "Esta é a parte mais legal de se ter um cachorro. O bicho sempre fica feliz quando vê a gente. Além do mais, sabe como é, também faz bem para a saúde. A pressão sanguínea cai quando se acaricia um cachorro. Ou até um gato. É um fato documentado. Eu li na revista People." (Página 70)

Se virasse filme o elenco dos sonhos seria:
Heather - Renée Zelweger
Cooper - Jude Law
Rachel - Anne Hathaway
Sarah - Reese Witherspoon
Christian - Tom Welling
Sra. Allington - Lauren Graham
Sr. Allington - Steve Martin

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cor de primavera atemporal


Now it all seems so clear
There's nothing left to fear
So we made our way
By finding what was real

Era setembro outra vez, a voz infantil no banco de trás anunciava, não era aquele mês que viria a primavera?
E dentro dela que procurava constelações com o carro em movimento algo se fechou, encontro de duas mãos saudosas que se acham, fechamento assim, gostoso de se ver, melhor ainda de sentir.
Outra vez setembro, outra vez estrada, outra vez escuro, outra vez outra vez. Dessas coincidências que só se dá conta ao viver, mesmo dia, mesmo instante e um ano depois ela não queria mais que os meses corressem pra que chegasse logo alguma coisa. Um ano depois e já não havia espera da chance de estar perto, estar perto tomara rumos tão distintos, tão mais amplos e diversos e além do que ela poderia ter cogitado voltando para casa com a luz da lua cheia inundando tudo de lembranças naquele passado recente.
Onde estava aquela sensação que viera depois de pisar outra vez no chão trezentos e sessenta e seis dias atrás, aquele nó na garganta de que deixara um pedaço de si e agora como proceder?
Respirando fundo foi-se inundando da plenitude de se saber exatamente onde lhe cabe. Aquilo que tantas vezes nos últimos meses ela tentara se convencer, agora vinha assim, vozes dentro do carro e a verdade na cara, era alguma coisa toda especial dentro dela indicando que ela poderia estar em qualquer planeta do sistema solar que nada afetaria aquilo, não era causado por alguém nem por um lugar, era nascido dentro dela. Bem dentro. Olha que lindo!
Será que dias tinham mesmo esse poder de transformar tudo dentro da gente ou fora as batatas do Burger King que alteraram de vez o pensamento e mostrou o que já era meio evidente? Será que depois de um ano ela estava enfim voltando?
Um sorriso foi brotando porque ela não queria mais estar em outro setembro, em outro janeiro ou qualquer outra estação. Não havia mês passado que valesse a volta. Não havia cidade, fosse gigante ou minúscula, que a abrigasse mais. Não havia sorriso, por mais sincero que fosse, que a fizesse querer estar em outro lugar, em outra órbita, em outra estrada.
Aquele caminho era dela, estava indo para casa mas estivesse indo para a Lua sentiria o mesmo porque achara a rota que ia por si mesma, coisa mais bonita gente. 
Era isso então? Era isso de querer estar em algum lugar por querer e pronto? Pensou em Peter Pan que não sabia o que era ter um lar, penso na Doroth que desejava mais que tudo voltar ao seu, lembrou do Pequeno Príncipe que tinha um asteroide e uma rosa e perdeu todo o tempo na Terra preocupado com baobás anos luz distantes.
Seu lar estava seguro, quente e pulsante ali dentro, o lar que ela carregaria pra onde pisasse e que era ela.
Deu tempo de sentir uma saudade gostosa de carinhos de setembros passados e depois ela gargalhou e até enxergou uma estrelinha cadente metida a faceira que brilhava mesmo em movimento.
Só que dessa vez não pediu nada. Não pra si. Não pra outro alguém. Não pra nada.
Carecia pedir não, a gente tem exatamente tudo na medida que precisa pra aprender a ser gente, pra aprender a ser feliz, pra aprender a não querer mais.
Sou capaz de dizer que esse ano até a primavera virá mais colorida, tudo é cor quando a gente nota que voltou pra casa que é o próprio peito.


Ao som de September, Daughtry.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Tambor


Where the streets have no name
We're still building, then burning down love
And when I go there
I go there with you

Eu poderia passar toda uma noite segurando seus dedos ágeis, brincando de erguer cartas imaginárias no lençol branco com a janela entreaberta o suficiente para entrar uma luz amarelada e tudo ter ainda mais tom de sonho. Poderia insistir para os olhos permanecerem abertos mesmo bêbada de sono e da sua presença cheia de vida que fala compulsivamente de músicas e cantores e estilos e vidas que eu vejo beleza por saírem dos seus lábios. Já falei do quanto gosto deles? Era escuro e eu enxergava o seu sorriso por errar a letra da música, era escuro e eu queria tocar seus dedos, porque tocar você parece tão absurdamente certo que preciso me conter e me perguntar porque mesmo a gente não enxerga a mesma beleza em todos os rostos.
Em tom de brincadeira eu proferia os meus sonhos, sabe, você me leva para a Terra do Nunca e eu posso voar fácil sem medo de ter que escolher qual personagem eu vou ser dessa vez, só você domina a arte de me peterpanizar e então olhe só, temos quantos anos mesmo?
Tenho idade para me casar? Porque vontade eu tenho de gastar um bocado de tempo livre ouvindo suas histórias e até resmungos, tá pra nascer resmungação mais sem propósito que essa que brota do seu tom de voz.
Fosse a madeira um pouquinho mais escura eu teria que criar uma metáfora pros seus olhos de chão e a gente ali deitado olhando pro teto e tentando adivinhar o padrão de cores da parede. Foi um ano de tanto medo esse meu 2013, mas é que quem foi mesmo que disse que ouvir sobre o vocalista da sua banda favorita faria lembrar sóis que já morreram? Alguma coisa em você se parece com outros verões e o louco é que longe de trazer tudo de volta, o fato de você gostar de algo que meu coração reconhece de amores antigos renova tudo, talvez eu estivesse o tempo todo procurando algo do lado de fora quando só precisava descobrir que já existia dentro de mim. Bate vento da pronúncia que você tem de alguns termos e me pego rindo do seu jeito nerdzinho de criticar a disposição das coisas que organizo.
Sou uma bagunça ambulante. Uma bagunça vivente e você me desorganiza, acredito na lógica teoria do caos pra explicar porque fico tão bem do seu lado. Quando se perde o chão só existe queda ou voo.
E você olha a lua um dia depois e garante que ela está maior, logo hoje que ao ver aquela lua tão cheia de significados pisquei os olhos e dei só pra mim um sorrisinho desdenhoso, acho que tão pouca gente sabe que na verdade a minha favorita nunca foi a cheia e eu perco o tempo mesmo é admirando as estrelas.
Quando você insistiu que ela estava maior tive vontade de gritar que procurei bem pra encontrar a lua hoje, fazia tempos que não a achava tão pequena em mim. Meu sorriso era maior.
Meu amor era maior, sabe como?
Dois dias e dois tombos diversos me deixaram com as pernas mais fortes e vou andar até aí, fazer carinho no cachorro e tocar violão na sua janela. Olha aí paixão, tá vendo que desisti da normalidade esses dias?
Conheço um lugar tão lindo que vi poucas vezes, por lá tem um tom meio amarelado como do sonho que acordei e fiquei com a sensação de que o beijo tinha sido real, tão real. Tem por lá uma mesa de sinuca imensa e a gente pode deitar lá em cima e passar a noite falando sobre os filmes e pessoas que têm tanta relação entre si. Ou a gente pode só respirar baixinho pra não atrapalhar o sono alheio. Ou pode só rir muito. Rir demais e agora e o tempo todo de como somos bestas. De como somos demais. De como tocar seu rosto quase pintura que tem alguma simetria mágica me acalma. De como eu queria que você uma hora ou outra parasse os olhos em tudo isso.
A gente pode só fechar os olhos e apertar as mãos também.
Pode só continuar assim, fazendo parecer tão simples fazer o outro feliz.


(Ao som da canção que achei pra gente, Where the streets have no name - U2)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Da possibilidade que não existe



"Não vá dizer que eu estou ficando louco
Só porque eu não consigo odiar ninguém"


Tem quem mereça afeto eterno e como as folhas que enfeitam primavera sem ser de tudo flores, tem quem mereça afeto de temporada. Tem quem te acorde de manhã com beijos e quem te faça dormir com lágrimas nos olhos. Tem quem te espere num dia de chuva com uma notícia triste que dada pelos lábios certos tem um tom de esperança bonita e tem quem faça um dia de Sol nublar por proferir palavras duras naquela voz típica de veludo.
Tem quem faça a vida valer cada segundo e tem quem faça alguns segundos especiais pra toda vida. Tem tanto tipo de gente que é comum a gente amar e desamar.
E tem gente assim que haja o que houver não sabe odiar.
Não é prazer pelo desprezo alheio, longe disso. Cabe análise científica do coração com mais de vinte que insiste em parecer um coração tolinho de menina no jardim de infância que recebeu areia nojenta nos olhos e após chorar rios e limpar toda a sujeira sorriu com timidez desculpando mesmo sem ouvir do outro o pedido de perdão.
A gente odeia o fato de ser menosprezado. O fato de ser deixado pra trás. Odeia o caso que por horas parece ser pouco. Odeia repetir e não ser ouvido. Odeia explicar em vão, sorrir em vão, amar em vão.
Mas cadê que consegue odiar alguém?
Cadê a força que faz o sangue pulsar e gritar e proferir palavrões e desejar que o outro suma/exploda/vire poeria cósmica bonita que faz aurora boreal?
Não tem.
Não há Amanda Clark que ensine o ramo da vingança tão bem a ponto de convencer o coração abestalhado a ser indiferente. A revidar. A odiar.
Que se odeie a chuva que vem e estraga os planos de verão e sol e piscina. Que se odeie o calor que se faz em horas que se quer cobertor e filme. Que se odeie do fundo do ser a vontade que a gente tem de brigar e gritar e proferir injúrias mas que engasgam nos olhos mirando a imagem alheia.
Fácil ia ser por demais se eu soubesse odiar. Fácil do nível de zerar Super Mário World depois que já se fez vinte anos.
Quando se é capaz de odiar não se quer mais ser parte da vida que o outro tem. Quando se é capaz de odiar é possível gastar com raiva e gritos e socos na parede todo o carinho que a gente deposita e o outro nem paira os olhos por lá.
Sucede apenas que, infantilmente ou não, o amor não cede. Morre até sabe? Já testemunhei e juro que no fim de um amor moribundo a gente até agradece quando a morte vem visitar e deixa ali o leito vazio sendo limpo por raios de Sol pra que outro habite. Agora ver o amor virar ódio, ah, só na tevê mesmo.
Aqui dentro o amor vira qualquer coisa, até enfeite de prateleira, mas nunca vi virar ódio.
Agarra uma raiva por parecer tão besta aos olhos alheios, um quase ódio por dar pra tanta gente poder de não me permitir odiar, mas a verdade, ah, a verdade, é que eu consigo seguir bem aquele trecho lindo, eu odeio no fundo no fundo, não conseguir odiar nada em você.
Mesmo você merecendo.
Mesmo você causando o ódio.
Eu não consigo odiar você.


[talvez seja bom né?]


Ao som de Não Consigo Odiar Ninguém: Engenheiros do Hawaii

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Deste e dos que Virão





Pequeno,
Com o pincel vermelho acabei de riscar o dia 31 de maio e um sorriso foi surgindo travesso, olhe que maio mais lindo de ventos gelados e cafés quentes.
Fazendo um 'xis' bem grande eu enterrei os últimos fantasmas de um maio de tanto tempo atrás que me assombrava, toda a louça pendurada sobre a pia permaneceu intacta até mesmo quando eu bati as portas com a força de nascer de novo em pleno maio, abril ou qualquer outro mês.
Maio segredou tanta coisa meu amor, tanta que tivéssemos a chance de voltar ao pré-escolar a gente poderia passar todos os recreios rabiscando cartilhas e ainda sobraria lição de colorir junto, olhar cúmplice e esbarrão leve de mão.
Parece milagre que eu tenha chegado até aqui sem nenhum arranhão, se eu te contar baixinho no ouvido o nome disso você jura que não espalha? A gente sobrevive ao que quer meu bem, a gente sobrevive quando se cansa de morrer pra ver quem vai chorar em cima do caixão. Não tem lágrima alheia que valha, uma hora a gente aprende e dizem que isso se chama Amor Próprio. Eita maio produtivo!
Caíram todas as folhas da nossa árvore e todo dia quando passo por lá fico pensando que deve ser gelado quando chega a madrugada. Ser árvore é isso, permanecer, não é? Maio ensina isso amor, por dias vai ser tão frio que a gente vai ter vontade de tirar o que fez de raiz e sair em busca de um verão que nos acolha, mas vale o quê ser verão constante?
Por tanto tempo te pedi paciência comigo, por tanto tempo te pedi pra manter a mão segurando firme, sabe, carecia porque não havia segurança interna que me evitasse cambalear no gelado vendaval. Houveram maios em que até olhar no espelho e ver o passar dos dias me assustava, tive tanto medo no começo do que poderia ser esse.
Tive medo de que o que há de novo em mim começando a nascer e voltando a me plantar sorrisos fosse embora. Tive medo de que maio roubasse minha alegria. De que maio trouxesse qualquer coisa que me fizesse mal.
Aprendi outra coisa: a gente se permite o mal.
Eu escolhi não enxergar cicatriz em maio e olhe, se você procurar te juro que não vai achar. Não me dê créditos por isso, não há mentira em nenhuma linha de expressão, é só que hoje se eu adormecer no meio da prece vou acordar sorrindo de abençoada que sou por ter a chance de viver mais um dia e terminar a oração.
Hoje se vier o sono ou o vento ou qualquer lembrança, tola ou não, hoje, vindo o que for pra ser vai ser recebido com o carinho de quem aprendeu a acreditar que esses são outros maios. Esses são outros tempos.
Outros sorrisos, outros momentos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dos engasgos



Querido,
É tarde e certo que você esteja dormindo já, das tantas coisas que aprendi a achar lindo em você sua metodologia diante das coisas bestas dessa nossa vida tão banal sempre me fez rir, no fundo eu achava bobinho o fato de você se importar com a hora que vai dormir mesmo sem ter a certeza que vai acordar amanhã. Mas é lógico que você não entenderia se eu te explicasse, diria que sou uma louca sonhadora com os dois pés acima das nuvens e que deveria crescer, no mundo adulto a gente faz planos e acorda todas as manhãs a tempo de dar a ração do peixe antes de sair.
Se eu fosse do tamanho que você diz para eu crescer acho que as pessoas fariam fila ali na porta de casa para ver a mulher mais gigante do mundo com o peito pequenininho de tanto guardar coisas. E talvez porque agora estou pensando no que o médico disse para minha mãe quando eu ainda tinha nove anos e sentia dor por todo o corpo sem explicação, talvez porque em alguns lugares doam eu ache que esteja crescendo e que puta merda, eu deva dizer algumas coisas.
Um bocado de vezes eu já disse que te amo não é? Eu aqui, do alto dos meus vinte e poucos me achando dona de todo amor do universo pra ficar dando por aí assim. Olha, pode parecer que eu falo demais mas você não tem ideia do quanto eu calo.
Calo quando quero gritar que você é um idiota. Não, não é um idiota qualquer, lógico que não, é o meu idiota. Você com seus olhos de pessoa madura que já passou por tanto e enxerga além, você com sua fala de quem pondera mil vezes antes de dizer, você com seu jeito de causar um estrago descomunal nessa criança que ainda e ainda e ainda insiste em tentar ver coisas fofas porque se o mundo for sempre cinza talvez as outras cores se cansem de tentar morar aqui e partam para outro universo.
É tarde e tenho certeza que amanhã quando você abrir os olhos pela segunda vez depois de ter feito o mesmo movimento e fechado vagarosamente vai notar o recado reciclado do papel toalha que sobrou da refeição relâmpago da noite em que eu tagarelava sobre como adorava estar ali com você, e você, no seu mundo, me achando a pessoa mais egoísta do planeta por expressar, dizia alguma coisa sobre o último filme do Wagner Moura que eu devia assistir porque realmente era uma obra prima do cinema nacional.
Olhe, com o perdão do termo bem chulo, que se foda o cinema nacional meu querido. Que se foda o Wagner e todo mundo que não sabe o que eu sinto e calo e agora grito. Que se dane quem pensar que eu sou o egoísmo em pessoa por querer dizer, por pintar estrelas e corações no espelho do banheiro enquanto você toma banho. Que se exploda por eu me preocupar com você quando sei que vai atrasar no serviço e corro da faculdade para cá na intenção de te preparar um café forte e quente e com poucas gotas de leite pra te receber sorrindo.
Eu tento de todo modo que é possível para esse coração que você ridiculariza sempre que pode aceitar a sua forma de amor numa tentativa assim meio Lulu de acreditar que toda forma de amar vale a pena, mas cabia um pouco de cumplicidade da sua parte, cof cof a parte pseudo-adulta da relação, em olhar para a minha e tentar aceitar.
Vê bem, não estou te pedindo para entender, não tente entender porque eu te amo sendo você tão cruel comigo às vezes, não tente entender porque eu te amo quando você parece não fazer a mínima questão de perguntar como eu sobrevivi depois de um fim de semana de tpm, não tente entender porque eu te amo quando você tem seus surtos evasivos ouvindo blues enquanto eu explico as causas de gostar de uma banda pop nova. Ou vai ver você até consiga entender, você é o entendedor mesmo no fim das contas. E se conseguir a proeza venha já me dar aulas se sentindo o maior sabe tudo desse planeta que a gente acha que é grande e me diga o motivo disso, porque, raios, juro que passei a madrugada procurando uma resposta.
Juro juradíssimo com todas as mãos para frente pra você ver que não estou cruzando dedo algum. Juro pela minha temporada original de FRIENDS que eu adoro e você vê e nem acha graça.
Queria entender o motivo de te amar porque talvez eu tivesse coragem de ir até aquela parte e modificar alguma coisinha mínima, tem aquela teoria do caos que diz que se algo, ainda que pequeno, for alterado todo o resto sofrerá consequências, aquela que eu aprendi no filme Efeito Borboleta que não importa o quanto eu sugira para você baixar você nunca vai ver, sei que você nunca assiste o que eu indico. Talvez eu fosse até lá e só lustrasse um pouquinho na intenção do brilho ser tão forte pra você ver de onde está, mesmo dormindo, mesmo ignorando, mesmo não querendo que eu te ame porra nenhuma.
Ou quem sabe eu apenas fizesse o que estou fazendo agora, engoliria o choro e a vontade de te abraçar apertado e te dizer no ouvido em como, mesmo parecendo uma loucura, você me faz feliz de um jeito legal, gostoso de ser feliz, estranho. Engoliria junto tudo que precisava te dizer e que fica pra próxima, fica pra quando eu for grande o suficiente e fale uma língua que você respeite, uma língua que você ouça com carinho, que você deseje ouvir.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dela que se faz tão perto



'É morena, tá tudo bem
Sereno é quem tem
A paz de estar em par
Com Deus'

Ei menina,
Tem espaço aí para mais um abraço hoje? Tem espaço pra eu te dizer algumas das palavras colhidas depois de um dia de chuva em que o verde é tão lindo e vivo que a gente confunde estar dentro de um filtro especial?
Hey menina, tem lugar do seu lado pra eu te cantar uma canção doce, pra te dizer que você é linda e que eu sinto que a gente tem bastante em comum, mesmo tendo tão pouco pra falar sobre isso? Tem como menina, tem como você parar esses olhos delicados e abrir aos poucos o sorriso assim, como quem diz: 'vambora, mas vamos com calma pelo prazer de saborear minuciosamente'?
Sabe menina, a gente passa por poucas e boas nessa vida não é mesmo? Lição ou não, tudo é motivo pra agradecer porque as coisas surgem pra gente que é bobo entender o propósito. Não, não o propósito delas, mas o propósito de estarmos aqui: amar e perdoar. E quando for demais perdoar mais um pouco e aprender a amar de novo, outra vez e até o fim, porque se não é de amor que se morre, que de amor se viva né?
Oh minha irmã, coubesse eu ia hoje me desfazer em pétala pra enfeitar esse cabelo tão lindo, eu ia pedir pra Deus deixar eu morar no céu que dá pra ver da sua janela e até brincar de ser estrela cadente um pouquinho pra que você pudesse fechar os olhos e fazer um pedido cheio de ternura.
Não é porque hoje é seu dia, não é porque você é sempre incrível com minhas palavras, não é porque eu queria mesmo ter um jeito de dizer que aniversários são pra gente refazer mentalmente os planos e fortalecer as pernas. Hoje menina, é porque você merece, porque por tantas vezes foi um presente que eu queria mesmo tentar ser também. Porque menina, é pouca gente que tem a leveza de ter paz e ser par, olhe bem, você tem.
Que o seu ano seja grandioso em poesia e música linda, que a pele reflita a alegria que invadir e que muita muita alegria invada mesmo, todo dia, cheia de coragem, cheia dessa força que você tem. Que seu céu seja repleto de lembranças de um amor puro e que vence, vence sempre porque se a gente acredita nada é mais real do que um amor.
Morena, menina, aproveita essa vida toda que tem suas mãos, aproveita essa delicadeza toda que tem seu sotaque e seja feliz como nunca, feliz como daqui pra frente será regra, feliz como convém a alguém que tem dentro de si o mundo inteiro sorrindo faceiro pra gente aqui de fora. Seja feliz como você merece ser.
Um bocado de Los Hermanos pra enfeitar seu dia e todo amor do mundo pra nós e pros outros, a ponto de não existir outro lado. Saiba ser o melhor na vida e sempre peça bis quando alguém lhe fizer feliz.
Feliz aniversário menina flor de laranjeira.

(Ao som de Morena - Los Hermanos)

[Hoje é o aniversário da Maiara Bonfim do blog Vestida de Saudade, a Mai que tantas vezes já me deu temas perfeitos para postar aqui e que sempre está ali para dizer palavras lindas. Deseje a ela um bem tremendo, juro que ela merece!]

sábado, 6 de abril de 2013

Das levezas que vieram




"Here's to us, here's to love
All the times the we messed up
Here's to us, fill the glass
Let's toast 'cause things got better
And everything could change like that
And all these years go by so fast
But nothing lasts forever"

Porque gente de verdade cai, quebra a cara feio, rasga o joelho e tem cicatriz espalhada pelo corpo inteiro. Gente de verdade se apaixona mesmo sabendo que noventa e oito por cento das paixões dão em dias inteiros jogados na cama querendo que o tempo passe rápido e o esquecimento tenha sabor de brigadeiro de panela.
E chora o mundo inteiro até soluçar e ficar parecendo cosplay do Bozo, e fica insegura e tem sonhos secretos e fantasias bizarras.
Quando você olhar pro espelho e ver seu sorriso de praxe vai lembrar que gente de verdade sangra. Vai sentir falta da época em que era criança e sabe, crianças são pessoas de verdade, livres de preconceitos e prontas para levantar depois de todo e qualquer tombo.
Vê se aprende menina, ser gente de verdade tem um valor inestimável. Vá em frente, enfrente, pule a onda, firme as pernas, abra os braços e se precisar feche os olhos, às vezes o vento é forte e dá medo de que não embarace só o cabelo. Seja corajosa a ponto de assumir que veja bem, você não é de ferro e mesmo se fosse, há fogo para moldar tudo nesse Universo sem fim.
Não queira ser o espantalho da história, não deseje trocar seu coração besta por um cérebro extra, mas pare por aí, não me venha querer ter dois corações também não. Não queira nada além de acordar e sentir a vida amanhã. Coisa besta a gente ousar desejar mais que isso.
Sabe aquela personagem do seu livro favorito? Ela não é real. A mocinha da novela, a princesa do filme, até mesmo a bruxa má que se parece com aquela vizinha chata ou a Bella de Crepúsculo que de tão clichê poderia bem ser toda menina do planeta, elas são de mentirinha. Do mesmo jeito que são as relações perfeitas que a gente desenha na mente. Telepatia não existe. Reciprocidade caiu de moda e pare de desejar algo assim, a medida do outro está longe de ser a sua e não existe medida ideal, queira cumplicidade, reciprocidade são outros mil e quinhentos.
Pare de imaginar que seus sonhos são os escolhidos para se tornarem reais nesse mundo tão cheio de sonhos e de pessoas dispostas a vivê-los. Pare de achar que você vai morrer se doer um pouquinho porque tanta gente sente dor de verdade e enfrenta a vida na raça, seja Maria Maria, tenha fé na vida.
Quer ter esperança de alguma coisa? Tenha esperança de se tornar melhor. Só e por favor, por favorzinho, apenas isso. Descobri recentemente que esperança é a expectativa camuflada de sentimento fofo, quem espera fica parado, estagna, quer receber alguma coisa. Não cabe a gente se achar merecedor de nada não, bonito é a gente ir atrás, meter a mão na taça e gritar bem alto quando conquistar. 
Bonito é ser gente do mundo real, esquece a raposa, o Pequeno Príncipe, a rosa. Ignora a carta de Hogwarts que nunca chegou. Olhe aí pra ponta dos seus dedos, sua digital. Sua marca única. Sua prova de sangue. Você é de verdade e seu país não é outro, você não nasceu no tempo errado e muito menos as pessoas foram feitas para corresponder as suas necessidades.
Ah, vira gente. Arregala os olhos, coça a garganta, engasga de vergonha ao perceber que estão te olhando, conjuga o imperativo errado. Who cares? Vai ser bonita de dentro pra fora, vai gargalhar em público, dançar sem música, desafinar suas canções, vibrar com teu time. Erga seu copo por cada momento!
E só pra variar, seja o tipo de gente que tá difícil de encontrar, seja agradecido. Gratidão anda em desuso mas cabe bem em todo tipo de pessoa. Agradeça por ter amigos, por ter cúmplices, por ter amores, por ter ainda os que passam. Já pensou que congestionamento seria se todo mundo resolvesse ficar? Agradeça porque assim vai dá pra sentir o prazer genuíno de ser satisfeito por dentro. Vai dar pra saber a diferença de ser gente de verdade e ser personagem. Gente de verdade pode uma coisa extraordinária: sentir.

(Ao som de Glee: Here's to Us)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

De tudo que lhe quero bem


Cause even the stars they burn
Some even fall to the Earth
We got a lot to learn
God knows we're worthy
No I won't give up


Eu teria ficado acordada a madrugada toda, como naquela música do The Fray que tanto me faz chorar revendo a Izzye jogada em cima do corpo do Denny. Eu permaneceria em vigília facilmente se eu soubesse que salvaria uma vida. Tantas músicas, tantas. Eu iria a pé do Rio a Salvador. Pra te ver sorrir eu poderia colorir o céu de outra cor. Clichês baratos sabe?
A verdade? Se dependesse de mim nada teria sido assim só que em algum ponto dependeu da gente e por erro de percurso não se notou. Eu teria dado o meu melhor, mas já era tarde demais para dar qualquer coisa.
Sabe, eu sofri. Não vim aqui destilar álcool sobre isso, acontece que eu em um momento de tudo parei de pensar que talvez você também sofresse. Sofre-se por ser morto e eu preferi não pensar que também se sofria por matar porque sempre que eu pensava que falta é uma dor comum eu me colocava em estado de vigília imaginando se estava fantasiando que você sentia ou não saudades. Sou confusa e estou realmente me saindo melhor ainda escrevendo tudo isso né?
Eu teria feito o impossível mas você uma vez só me pediu uma coisa, e eu não fiz. Como é fácil falar, como é! Você pediu que eu respeitasse os seus limites e eu até hoje, até agora estou cruzando suas linhas.
Desamarrei meus cadarços e voltei a pisar no chão, passo medroso no começo mas ciente de que a força está no cérebro que firma as pernas. Olhei o céu, as montanhas e o além, olhei o tanto de vida que tinha aqui dentro e até sorri, pois é, eu voltei a sorrir, aos poucos. E eu ainda teria permanecido acordada se soubesse como salvar uma vida.
Agora fico aqui pensando se existe fórmula para isso. Aquela minha mania de filosofar e viajar: vidas não foram feitas para serem salvas, talvez a medicina seja uma vaidade de quem tem medo de passar a fronteira. Vivia dizendo que tudo dura o tempo exato que tem que durar e olhe que outra vez falar isso é bem mais fácil que vivenciar, eu só sinto muito sabe. Por antes também, mas de forma diferente, não sei explicar. Sinto por ter causado qualquer dor e sinto se estiver causando agora, se por negligência minha o que eu digo ainda te dói. Não é por mal, é só porque lembrar você deixou de doer em mim e acontece com naturalidade agora, veja bem, as pessoas vão embora mas as lembranças não, elas se acumulam em caixinhas na estante que a gente tira poeira vez ou outra. Por tudo que foi para mim é impossível (por enquanto é, sinto muito) não lembrar de você vez ou outra. Não gostaria que isso te doesse, não gostaria mesmo que se ao cruzar com você e sorrir você desvie o rosto. Não gostaria que as coisas tivessem tomado o rumo que tomaram mas já que foram por esse caminho, que ao menos sobre aquela magnífica vontade de fazer o outro bem. Pelo amor, eu te quero todo o bem do Universo e olhe, não me aproximo para esfregar nada nos seus olhos bonitos, não me aproximo para implorar que você me deixe ser qualquer coisa parte da sua mobília só para estar perto, eu só venho quando preciso externar que ainda te quero bem e que algo me lembrou você. 
Cabe ter alguns direitos, eu tenho o de lembrar com carinho, você mesma me concedeu. De verdade, sinto muito por não ter compreendido o quanto o seu espaço era tudo que você queria, eu sou péssima em entender coisas, ando cogitando seriamente entrar pro ramo das exatas porque meu cérebro não é lá essas coisas com cognição, entretanto é parte do que eu sou tudo isso. Sou piegas, lembra? A gente não pode pedir desculpas por ser o que é, acaba soando falso. Estando você perto ou não eu vou me lembrar vez ou outra de coisas suas porque eu sou estranha assim, acontecimentos me lembram pessoas e pessoas, mesmo a gente não sabendo como salvar uma vida, algumas pessoas são imortais dentro da gente.
Não quero te fazer sofrer, não quero que por dizer uma ou outra coisa que faça referência a algo que foi lindo isso cause rebuliço aí dentro, só quero ter a liberdade de dizer sem que isso te machuque porque eu sei que já machuquei não fazendo o possível que foi pedido, não tem necessidade de machucar mais. Não quero nem ter que ficar tentando entender se um gesto meu teve ou não significado para você porque isso voltaria a me fazer ficar pensando em reciprocidade e me botaria a ficar indagando coisas que estão chegando aos eixos.
Às vezes fazer o impossível parece mais fácil do que fazer o que está bem diante das nossas possibilidades, dessa vez eu não estou passando por cima de nada, só estou e isso eu sei que vou estar por muito tempo, querendo que algo te faça sorrir.
Pra sempre eu vou me lembrar com carinho, tivesse eu direito de pedir alguma coisa ainda seria o mesmo.

(Ao som de I Won't Give Up)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Do que se sabe tendo


"Tenho muito mais dúvidas do que certezas
Hoje com certeza
Eu só tenho você"

Eu me tranco e choro o mundo dentro do banheiro da minha alma e você está ali, firme, segurando a minha mão enquanto eu devaneio em balões que parecem não mais saberem voar sem a térmica exata.
Eu me perco e tatuado no meu pulso está a bússola mágica que você tão artista perito desenhou com a caneta bic de ponta grossa, meu norte tem seu nome.
De algum jeito incrível você consegue suportar toda bagunça que eu faço, consegue encontrar as chaves no caos que eu planto, consegue saber a medida exata da quantidade de tempero que eu consigo ingerir quando estou doendo coisas que não sei explicar.
Quando eu mais preciso, eu só tenho você.
E sabe meu querido, sendo eu essa menina tão esquisita que sempre sempre quis só ser amada e cuidada, ter a certeza plena de que se eu cair você vai vir bronquear pela minha desatenção mas nas mãos terão mertiolate e no fôlego um sopro doce pra não arder o machucado, essa certeza que eu tantas vezes me esqueço ter que é você quem pinta estrelas no meu chão de giz pra que eu ainda assim tenha motivos para fazer pedidos, é você quem está a todo momento com um olho aberto enquanto dorme para ver quais sonhos estão sendo  vividos por mim, saber que não importa onde eu esteja você vai dar um jeito de ir me buscar quando eu me perder e não tiver mais forças para voltar pra casa, essas coisas que a gente vê em filmes e não acredita que vai viver um dia, essas coisas todas que eu sei bem sabido de estando ao seu lado todo esse tempo me faz querer passar por cima de tudo porque olhe só, eu sou a sua menina. A Sua.
Aposto como dou um trabalho surreal. Tenho essa tendência pelo tropeço, esse desespero de causa que me joga no fundo do poço e tenho quase sempre vontade de cavar, mesmo você me jogando tantas cordas tecidas com florezinhas brancas como as que vão enfeitar nosso casamento, tenho medo de aranhas, perco o apetite por brigas imaginárias e choro feito estivesse grávida do universo inteiro, acho que nem Clarice conseguiria entender essa complexidade ingênua daqui de dentro e olhe só, olhe só quem vem sorrindo adentrar e desvendar, me apertar nos braços e me fazer cócegas até que eu caia no chão e já não me lembre de nada que não seja o som do seu riso besta.
Foi você quem me fez amar a chuva, foi você quem me fez ter paixão pela tempestade porque ela só vem pra fortalecer o que tem raiz firme, foi você quem de um jeito que eu nunca achei que fosse merecer me ensinou tantas variações desse verbo clichê que é o gerado pelo abstrato e tão nosso concreto amor.
Sabe aquela canção do Lulu, o teu amor me cura de uma loucura qualquer? Não, ele não me cura, mas a verdade é que ele me motiva muito, muito mesmo a encontrar em algum lugar por ela. 

(Ao som de De Fé - Engenheiros do Hawaii)

domingo, 27 de janeiro de 2013

Prateleira Neurótica: O Lado Bom da Vida


"- Acho que também preciso de você."
(página 254)

Quando você abre O Lado Bom da Vida pela primeira vez e se depara com Pat dentro do 'lugar ruim' corre o grande risco de se apaixonar por esse homem sem memória e dotado de boas e novas intenções. Ao longo de cada página você vai se encantando com a vontade de alguém de enxergar o lado bom das coisas apesar de todos os pesares, com a vontade de ser gentil ao invés de ter razão, com a ideia de que o passado pode ser bem esquecido e a gente pode preservar aquilo de melhor que viveu.
Mas a cada página da história desse homem tão perfeito em sua loucura (que por sinal poderia ser de qualquer um de nós) eu me vi abrindo um espacinho dentro do peito e me reavaliando, até onde é tudo real? Até onde somos mesmo a pessoa que acreditamos? Dotada de boas intenções, aprisionando nossa loucura pessoal em algum canto escondido, em uma caixa abarrotada de poeira onde escondeu o que não quer lembrar?
Quando eu me coloquei no lugar do ex-professor de história e até boa parte do livro um homem que acabou de sair da reabilitação mental me apaixonei ainda mais. Pat e sua crença de que o bem superará tudo, Pat e sua desilusão porque oras, essa vida que nós precisamos encarar nem sempre sorri bonitinha feito uma criança que acabou de ser penteada e escovada com todos os produtos que se tem direito antes de ir ao dentista.
Existem histórias de amor que duram e existem aquelas que ficam para sempre, deixe que eu explique a diferença entre os conceitos. Durar não significa existir para sempre, quando algo é para sempre dentro de nós vai se tornando memória e todo mundo uma hora ou outra tende a fantasiar um pouco as próprias memórias, é da nossa natureza (ou talvez seja apenas da minha) encantar o que ficou. A gente pinta com olhos hollywoodianos um dia comum, joga um brilho de Sol numa foto nublada, entende uma referência literária como um eu te amo secreto que só nós na nossa infinita cumplicidade de intimidade conseguimos entender. Durar é ir tão além de ser para sempre. Pat tem uma história para sempre e só quando entende que ela já durou o suficiente se liberta e finalmente entendemos tudo.
Entendemos que a loucura é falhar na busca do ponto de equilíbrio, aquela linha tão fina e prateada entre a sanidade e a vontade de que algo seja único e especial ao limite.
O Lado Bom da Vida é que estamos vivos. Essa dádiva da sobrevivência depois da queda, da realidade bonita sendo ela mesma, com casas cinzas, pessoas legais que moram longe, céu nublado que traz chuva e que alimenta as pessoas, mesmo destruindo algumas coisas. No fim das contas quase nada vai sair como esperamos, mas as coisas virão e se soubermos avaliar sem metáforas polianísticas não vai ser nem preciso jogar jogo do contente, ser feliz implica para começar não ser triste.
As chances de sofrer são tão maiores quando queremos a perfeição, tão mais certas quando transformamos em carnaval a quarta-feira de cinzas.
A vida não vai se pintar de purpurina só porque o brilho é legal, as relações não vão ter dias maravilhosos o tempo inteiro porque os meus defeitos vão magoar, os defeitos alheios vão me torturar, a gente vai ter que aprender a crescer junto e também sozinho.
Talvez a vida não seja um filme, mas ela pode ser uma história boa, mesmo assim.
Tiffany, Pat e seus amigos tão completos em suas vidas reais me ensinaram que o importante não é não ser louco, é ter com quem partilhar o pontinho de sanidade que sobra.

"A vida não é um filme de censura livre para fazer com que a pessoa se sinta bem. Muitas vezes a vida real acaba mal (...), Pat. E a literatura tenta documentar essa realidade, mostrando-nos que ainda é possível suportá-la com nobreza."
(página 193)

Que saibamos ser nobres, sempre.

Ficha técnica
Autor: Matthew Quick / Primeira edição - Janeiro de 2013 / Editora Intrinseca / Número de páginas: 254.
(Resenha para o Desafio Literário 2013) 

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