sexta-feira, 30 de abril de 2010

E Agora?


'Não vou dizer que tudo é banalidade
Ainda há surpresas, mas eu sempre
Quero mais...
É mesmo exagero, ou vaidade,
Eu não te dou sossego,
Eu não me deixo em paz'

E agora que eu sabia que tanto tempo de sonho estava ali na porta da realização, agora que eu via os meus planos sendo concretizados e mais que isso, agora que sentia que a vida seria normal, me dava aquele medo todo.
Mas não era o que eu queria o tempo todo? Enfim um pouco de tempo para sentir você, para deitar no seu colo e me deixar não pensar em nada desse mundo louco onde me coloquei porque quis?
Fico com a alma pesada de quem promete e não cumpre. Porque foram tantas noites desejando que tudo acabasse da melhor forma possível para poder me firmar ao seu lado. Não que não estivesse firme ali, mas que a minha louca vida em busca da minha realização nos priva de tanto...
Agora o tempo bate e eu não sei o que fazer.
Sinto tanto, mas não sei viver do que sou, sei viver do que me tornarei. Talvez tenha mesmo algum defeito de fábrica que me faça sempre querer mais e mais, você tão bem me conhece, não preciso explicar demais.
'Talvez eu passe um tempo longe da cidade', talvez eu volte cedo ou não volte mais...
Não posso pedir que fique me esperando, ainda que durante todo esse tempo sua mão segurasse a minha ou ainda suas palavras me fizessem melhor ou não.
Não posso pedir porque é hora de buscar aquela paz tão falada dentro de mim.
O que posso garantir é que você vai comigo, onde quer que eu vá. Tanto tempo não é assim jogado ao vento, metáforas à parte, aprendi sobre amor com você.
Vou descobrir o que vem depois do sonho e quem sabe não entenda que o próximo sonho a se realizar tenha um nome próprio e o seu modo de ver as coisas.
'Não vou roubar teu tempo, eu já roubei demais...'

(Tema proposto por Bloínquês - Edição Musical)
(Para #30days - Dia 06 - Tema livre)
(Ao som de: Confesso - Ana Carolina)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Again (Dia 05 - Citação)


"I hope you live a life you're proud of, if you find that you're not... I hope you have the strenght to start over again"
(F. Scott Fitzgerald)

(Eu espero que você tenha uma vida da qual se orgulhe, se você achar que não... Eu espero que você tenha força para começar tudo outra vez)

Essa frase faz parte de um monólogo que me fez chorar muito, no fim do filme 'O Curioso Caso de Benjamin Button'. Mas ela foi adiante, ela esteve comigo e me fez ter força para continuar quando aparentemente estava no caminho errado, eu precisava porque não me orgulhava do outro caminho.
Ela me ensinou que não é egoísmo procurar seguir seu próprio caminho, é sensatez. Ainda que existam perdas, a gente caminha melhor quando sabe para onde está indo.
Eu soube.
Eu vi que não adianta viver uma vida para agradar alguém se você não tiver orgulho de ser quem se é. Não levamos nada desse mundo além de nós mesmos, não existe nada que nos acompanhe mais do que a nossa consciência, nenhum amor ou amigo está tão presente. Como já disse Renato Russo: mentir para si mesmo é sempre a pior mentira.
Então eu espero mesmo que você tenha uma vida da qual se orgulhe, eu espero ter uma vida da qual me orgulhe, espero que meus atos reflitam nas pessoas mas reflitam também em meu rosto, reflitam no meu coração e reflitam o meu caráter.
Optar por não escolher seu próprio caminho já é escolher.
Aprendi com a frase e com a vida: a gente sempre tem escolha.

domingo, 25 de abril de 2010

Simplesmente Amor (Dia 04 - Um filme)


"Dizem que vivemos em um mundo de ódio e ganância, mas eu não vejo assim. Me parece que o amor está em toda parte, às vezes sem dignidade ou desinteressante, mas está sempre lá. Pais e filhos, mães e filhas, maridos e esposas, namorados e namoradas, velhos amigos. Quando os aviões bateram nas torres gêmeas, até onde eu saiba nenhuma das ligações dos passageiros eram mensagens de ódio ou vingança, eram todas mensagens de amor. Se você procurar, tenho um leve pressentimento que você descobrirá que o amor na verdade... esta por toda parte."

Pensei em vários filmes para colocar nesse post... O primeiro da lista foi Wall-e, que assisti recentemente e achei lindo, doce e cheio de lições para dar. Depois me veio 'O Curioso Caso de Benjamin Button' que é uma fábula encantadora sobre o tempo e as pessoas. Ainda me passou pela cabeça 'Sete Vidas', um romance com Will Smith que é para mim um dos filmes mais lindos que já vi, sem dúvida o que mais me fez chorar.
Porque escolhi 'Simplesmente Amor' então?
Pela frase.
Sou ultra fã de vários filmes, 'O Sorriso de Monalisa', 'A Sociedade dos Poetas Mortos', 'Meu Nome é Radio', filmes que me fazem pensar sobre o tipo de profissional que serei.
Mas 'Simplesmente Amor' me faz pensar sobre o quanto somos mesquinhos às vezes, pensando que as pessoas têm que se adaptar ao nosso jeito, que só o nosso modo de amar é certo.
'Love is all around'. O amor está em toda parte.
Não é meu filme favorito, acho que não tenho um filme favorito, esse inclusive não está entre os cinco, mas eu gostaria que as pessoas entendessem mais que é preciso amar. Só isso.


sábado, 24 de abril de 2010

FRIENDS (Dia 03 - Programa de TV)



''I'll be there for you
When the rain starts to fall
I'll be there for you
Like I've been there before
I'll be there for you
Cause you're there for me too...''

Foram horas de muitas madrugadas em claro rindo baixinho para não acordar meus pais. Dancinhas e mais dancinhas de 'I'll Be There For You' em cima do colchão com as melhores amigas, piadas super engraçadas que a gente não conseguia acompanhar por não estar acostumadas com legendas...
Muitas histórias!
Por isso e por me lembrar os amigos mais engraçados que já tive, por me trazer de volta meus doze, treze e catorze anos, por ter me feito colar na porta do meu guarda roupa uma página de revista roubada de um consultório odontológico, por ter me dado o apelido que eu mais gosto (Ray), por ter me feito chorar no último episódio e por ter me deixado com muitas saudades, a série de tevê 'FRIENDS' é meu programa favorito.
Gosto de várias séries atuais, não perdia um episódio de 'The OC - Um Estranho no Paraíso', assisto sempre que posso 'Grey's Anatomy' e acho a Meridith Grey uma diva... Mas nada até hoje me trouxe tanta emoção quanto ouvir a entrada e cantar, gritar mesmo 'I'll be there for you', batendo palmas, como na abertura.
Sinto muitas saudades e um dia terei grana suficiente para comprar todas as temporadas originais.
Mô, como sinto sua falta, sinto falta de quando a gente ficava fazendo péssimas imitações da Phoebe cantando 'Smelly Cat'...
Até hoje meus olhos lacrimejam ao ouvir 'With or Without' porque era a música da separação da Ray e do Ross.
Mais do que um programa de tevê, mais do que uma série qualquer, parte da minha história!

(Tradução do trecho da abertura de FRIENDS: Eu estarei lá por você quando a chuva cair, eu estarei lá por você como eu já estive antes, eu estarei lá por você porque você também está lá por mim).

Even at my worst I'm best with you, yeah!
Até no meu pior, eu sou melhor com você, yeah!



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Veríssimo (Dia 02 - Um Livro)



É desleal comigo pedir para escolher um livro preferido. Eu não me imagino sem eles, não consigo escolher um, tem que ser no mínimo uns dez...
Entre os que eu mais gosto estão 'A Menina que Roubava Livros', 'A Cidade do Sol', 'Helena', 'Melancia', 'Dom Casmurro', 'Sushi' e vários outros...
Como não conseguiria escolher resolvi falar um pouco sobre o livro da vez, o que está na minha cabeceira e que me faz rir demais: 'O Melhor das Comédias da Vida Privada'.
Nunca tinha lido nenhum livro do Veríssimo, já havia lido contos e crônicas picadas na internet ou em jornais, não sabia o quanto é delicioso virar a página e começar outro e mais outro conto.
Ele é genialmente engraçado!
Passei algum tempo lendo teoria linguística e deverei estar lendo ainda, escolhi o Veríssimo pra aliviar a minha alma já cansada de tanto material teórico.
Então aí vai um 'conto rápido'...


Nervinho

Aquela conversa de travessseiro, "Quem é meu quindizinho?". "Sou eu. Quem é a minha roim-roim-roim?" "Sou eu", e ele inventou de dizer que jamais se separariam e que ele seria, para ela, como aquele nervinho da carne que fica preso entre os dentes, e ela disse: "Credo, Oswaldo, que mau gosto!", e saiu da cama e depois nunca mais. Acabou por metáfora errada.


Eu gostei demais e ri muito, ainda por mais por entender de metáforas e entender melhor ainda de metáforas erradas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Paciência (Dia 01 - Uma música)


'Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára!
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara!
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara...
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára!
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara...
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para!
A vida não para não...'

Eu não sou o tipo de pessoa que tem uma música preferida, um livro preferido ou ainda um filme, eu tenho vários!
Então essa é canção do momento, uma canção que gosto muito porque foi 'ele' quem me ensinou, uma canção que me fez começar uma amizade especial, que tem uma linda melodia e uma letra que me faz pensar...
Paciência é além da canção um desejo, paciência pro mundo que corre alucinado e não me deixa respirar fundo nem sorver o cheiro das coisas preciosas. Paciência para entender que desejar a perfeição, alheia ou própria, é pedir para se frustrar, mas não buscá-la é ficar estagnado.
Que todos entendam o quanto a vida é rara...

P.S.:Estou começando hoje no #30 Days.
(Tradução da fotografia: Coisas boas acontecem para aqueles que esperam)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Na Curva batendo a mais de cem


'Você não quer ver nada
Além do seu umbigo
E eu quero ver o que há
Depois do perigo...
Você não quer ver nada
Além do seu mundinho
E eu prefiro escrever
Meu próprio caminho...'

- Vem comigo.
- Eu não posso, você não entende, não é ali, é lá em outro país, em outro continente, vai ser outra vida.
- Eu vou estar ao seu lado.
- Mas e minha família, e minha casa, e tudo?
- E os nossos sonhos? Lembra que você sonhou comigo esse intercâmbio? Lembra que era para ser a festa da nossa formatura, que era para você dançar comigo e eu te entregar a promessa de um futuro bom.
Fez-se silêncio.
Ela chorava, ele segurava as mãos dela e as próprias lágrimas. Não entendia como agora que era realidade, ela não queria mais os sonhos.
- Eu te amo.
- Então fique, esqueça Paris, esqueça o intercâmbio, esqueça tudo isso e fique comigo.
- Não é fácil assim. Eu me preparei, nós nos preparamos, nós sonhamos com isso, é o nosso futuro.
- Não será o meu.
- Eu não entendo! Não será a mesma coisa sem você, e todos os nossos planos? E tudo que a gente desejou olhando as estrelas de mãos dadas, e toda a história que íamos construir?
Uma lágrima caiu dos olhos perfeitamente maquiados dela, ele notou que era verão mas o terno lhe caíra bem, sentia um frio inexplicável.
- Você não vai ficar comigo? Não vai desistir desse sonho infantil para ficar comigo? Você disse que me amava.
- E amo. Mas não posso desistir agora, não sou tão fraco quanto você.
O primeiro golpe não se sabe de quem foi, mas agora não eram mais lágrimas doces.
- Eu volto, se você quiser me esperar. Eu vou voltar porque Paris não vai ser nada sem você.
- Não precisa. Eu não quero ser a sua segunda opção.
- Mas eu amo você e vai ser para sempre!
- Não, não vai, você fez a sua escolha. Você vai me deixar aqui, a nossa história vai ser para sempre, mas o nosso amor, termina aqui.
Soltando-se das mãos dele ela queria que o mundo parasse, que explodisse ou que simplesmente não houvesse ninguém nele, para se deixar chorar, para se odiar por ser tão infantil e medrosa, por ter jogado tudo fora, de propósito.
- Vou voltar, e eu sei que você vai me esperar todos os dias, vai sonhar comigo e vai chorar por ver que podia estar ao meu lado. Vai haver sempre o seu espaço, o vazio que você deixou. Vou voltar e não só porque te amo, vou pra te mostrar que você é uma menina mimada que vai ter que deixar o orgulho de lado e dizer que me ama.
Suspirou aliviado, ele sabia que era verdade.
Puxou-a para si e num último abraço doído sentiu o pedaço do coração que ficaria para trás.
E partiu.

'Se eu parasse o tempo ali e eu não tivesse mais que ir... Você me acompanhava e me daria a mão, na sua calmaria eu iria ser vulcão... E quando o Sol se for e o frio me tocar, é com você que eu vou estar...'

(Ao som de: Nada Além - Frejat e Quando - Millena)
(Tema proposto por Bloínquês, edição visual)
(P.S.: Eu sou a negação em pessoa para dar título às postagens!)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tara nem tão secreta



'Eu não sei o que me domina
E mesmo assim não penso
Em me livrar...'

Fabrício Carpinejar me fez pensar sobre nossas taras.
É fato que até os mais recatados e metidos a santos têm suas fantasias, mas taras são diferentes, fantasias podem ser conjuntas, tara é uma coisa ultra pessoal e inexplicável, gosta-se em especial desse ou daquele detalhe, não se questiona.
Eu sou apaixonada por mãos.
Não aquelas mãos clássicas, de pianistas, mãos leves não me fascinam.
Gosto das mãos fortes, das mãos de homem do campo, daquelas que têm calos. Unhas com base não me seduzem nem um pouco! Mãos devem ter personalidade, podem até ser tímidas e viverem guardadas nos bolsos, mas têm de saber o momento certo de tomar as suas.
Lembro que passei horas em um casamento só olhando as mãos do fotógrafo.
É a primeira coisa que olho em um homem, ainda que a mídia pregue que mulheres são sempre apaixonadas por ombros e braços.
Verdade seja dita, gostamos do conjunto, mas as mãos são minha referência.
Tenho amigas que acham a coisa mais linda um corpo magro, outras gostam de cabelos raspados (faço parte desse time também), há ainda aquelas que se perdem por um sotaque de interior, por uma barba por fazer, por um sorriso tímido.
Tara é assim, a gente sente pelo detalhe tão simples que tem até medo de confirmar: esquece suas roupas, me preocupo mesmo é com suas mãos.
Luvas, para mim, jamais! Quero a nudez explícita dos dez dedos.
Um amigo tem taras por ruivas, se vierem acompanhadas de vestidos verdes a coisa fica quase insana mesmo.
Bem que a mídia tenta fazer com que a coisa mais 'sexy' no outro seja comum.
Mas sinceramente, cada um sabe o prazer que lhe apraz sonhar com diferente de todo mundo.

(Ao som de: Eu não sei o que me domina - Jorge Vercilo)

sábado, 17 de abril de 2010

A Metade do Caminho


'Onde quer que você esteja
O que quer que aconteça
Não importa a distância
Por tudo aquilo que pode vir
E tudo aquilo que pode ir
Eu caminho ao seu lado'

E eu não consigo me sentir sozinha, você não deixa.
Você aperta minha mão com força e me deixa chorar só o suficiente para a respiração começar a falhar, então você seca as lágrimas insistentes e me diz coisas ridículas para que eu consiga transformar o pranto em riso.
E o mínimo que eu posso dizer é que vou estar com você, em qualquer lugar, em qualquer circunstância, com qualquer sorriso ou lágrima, palavra ou silêncio.
Eu vou me permitir seguir sua sombra às vezes e em outras eu vou querer caminhar puxando, e aprendendo eu sei que a gente vai caminhando, se adaptando um ao ritmo do outro.
Quero estar com você quando a chuva vier sem aviso e te pegar no meio do caminho, quero correr por sobre as poças e me sujar de barro, quero o vento e o frio do corpo quente em contato com o mundo gelado e úmido.
Permita que eu te acompanhe nos seus sonhos, que seja mesmo a Dulcinéa e que te prove que os dragões são moinhos de vento. Permita que eu te cubra quando o frio chegar e você estiver cansado demais para fechar a janela.
Eu sei que você vai deixar a toalha pela cama sempre e que vez ou outra vai me irritar imensamente, quando isso ocorrer sorria e me diga que eu te amo mesmo assim, eu sei que é verdade.
Insista para que eu me levante e fundamentalmente, me diga 'bom dia amor'.
Se nada der certo, a gente vai caminhando mesmo assim, mãos dadas, promessas ao vento, sorrisos guardados para quando um belo caminho chegar e a gente puder sentar para admirar a paisagem.
Com você, como já te disse, não importa muito para onde vamos, mas o fato de que você vai comigo.
Sempre.

(Ao som de: I Walk Beside You - Dream Theater)
(Post para a Postagem Coletiva da semana)


terça-feira, 13 de abril de 2010

Beija Eu


'Beija eu,
Beija eu,
Beija eu, me beija...
Deixa o que seja ser
Então beba e receba
Meu corpo no seu corpo,
Eu no meu corpo
Deixa,
Eu me deixo...'

Feche os olhos e deixe que eu te guie. Eu sei que a gente sente medo, é sempre assim, mas a gente só aprende se estiver junto, em total sintonia.
Você pode sentir o quanto meu coração está tão alucinado quanto o seu? É, funciona do mesmo jeito para nós dois, você não nota mais meus lábios já te esperam, eles sabem da sua presença mesmo quando você ainda não chegou.
Minhas mãos procuram as suas, sinta. Sinta que eu também sou de carne e osso e também tenho medo que você não me queira, não me ame, não me aceite. Sinta que eu lhe quero além de tudo isso, eu lhe quero dentro do peito, um querer de alma que precisa passar por isso pra se fazer inteiro.
Deixe o seu corpo inerte e apenas ouça nossas respirações, ouça a voz que te grita todas as minhas células implorando que saibamos aceitar as imperfeições e que cresçamos aos poucos, sugando e devolvendo a vida inteira, lábio no lábio.
Me beija sem ordem para pronome ou verbo, me beija porque é apenas o que consigo articular já sem fôlego da necessidade de sentir algo novo, da vontade de compartilhar com você uma vida, uma história, um beijo apenas.
Apenas me beije e deixe que os seus lábios falem com os meus uma linguagem devaneante, deixe que juntos nossos olhos fechados visualizem além do que podemos prever e que suas mãos, apertadas às minhas sinta o quanto é poderoso esse amor.
Vem com um beijo fazer parte do meu mundo.

'Beija eu... Beija eu, me beija...'

(P.S.: Em homenagem ao dia Internacional do Beijo - 13 de abril)
(Ao som de: Beija Eu - Marisa Monte)

Photo (P&B) - Make a Wish


(Lara de Paula Cunha - Make a wish)
Foto realizada com uma câmera Sony H50 e editada.
Imagem para a 3° Edição Fotográfica - Bloínquês)


Paixão

'Mas não tem nada não,
Eu bem que me conheço
Sei que um dia viro a mesa
Mudo de endereço...'

Ele sabia que seria sempre assim, a mãe já havia dito, mas ela toda cheia de si retrucara que era implicância de sogra, e o pobre coitado ficou sem saber muito o que fazer, coração apertado de paixão por aquela doida.
Agora era isso, ele Vasco, ela Flamengo, ele do rock, ela do samba.
Ideia dela assistirem ao jogo no Maracanã, bem avisado ele sabia que não ia prestar, vascaino que se preze não assiste jogo com flamenguista, dá azar. Mas a danada sabia como conseguir as coisas e voltou para casa atentando o rapaz, ele cheio de si com o orgulho ferido ainda vestindo a camisa cruz-maltina engolia em seco por amor mesmo, não ia brigar com ela por isso.
Mas a carne é fraca e o santo tem pés de barro, deu na lua dele de falar e foi aquele turbilhão de desaforos típicos de dor de cotovelo de fim de campeonato.
- Você não pode falar nada, você viu, ele roubou!
Feito criança ele quase chorava. Ela gargalhou na cara dele e beijou aquele escudo tão abominável aos olhos dele.
- E quer saber mais, se você beijar esse escudo de novo eu não encosto em você o resto da noite, sua... sua... sua, ah, sua ladrona também!
A moça faceira morreu ainda mais de rir e já na garagem arrancou a blusa e beijou novamente o escudo, fazendo graça pra ele.
Cheio de dor ele foi pro quarto, deixou ela de qualquer jeito na sala, sem se importar, vexame ser taxado assim de perdedor pela mulher que se ama, não ia ficar assim!
Ela bateu na porta com jeito e foi se achegando ao colo dele, já despida do uniforme rubro-negro, vestido o pijama e com os cabelos molhados do banho recém-tomado.
- Seu besta! Você sabe, nossos filhos serão 'mengo', se eu fosse tu não estressava não, nego, meu coração é preto e vermelho, mas ele é só seu. Quer meu coração flamenguista?
Pensando bem no que mãe não tinha lhe explicado sobre as mulheres ele olhou pro fundo dos olhos dela, sentiu o cheiro bom que só ela tinha depois do banho. Deu de ombros, era o destino e se permitiu resmungar ainda antes de cair nos braços dela:
- Mas que foi roubado, foi.


sábado, 10 de abril de 2010

Ao Bruxo do Cosme Velho


'Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética do que foram aqueles olhos de Capitu.'

'Querido e muito estimado Machado de Assis,
Provavelmente o senhor jamais lerá esse email, lógico, talvez não lesse nem se eu lhe escrevesse uma carta, se tivesse nascido há tempo de fazer isso, faço uma imagem meio taciturna e emburrada do senhor, perdão, é o que nos passam quase todos os livros de literatura que estudamos na Escola até hoje.
Ainda assim sou sua fã! Sinceramente já li quase todas as suas obras e fiquei muitos anos suspirando pela morte da Helena, sabia que hoje em dia existe um autor de novela muito famoso que se inspira naquela personagem para fazer suas mocinhas?! Acho que o senhor não ficaria assim tão satisfeito com o que as 'Helenas' de hoje são, mas de certa forma, é uma homenagem...
Pensei muitos anos achando que minha filha se chamaria Helena, até que por obra do destino fui ler Dom Casmurro.
Ah Sr. Machado, com o perdão da intimidade, o senhor não faz ideia do que nos causa até hoje esse livro!
Lógico que a história você conhece de trás para frente, afinal, saiu das suas mãos... Mas será que o senhor consegue enxergar as lágrimas que a Capitu chora em silêncio quando o Bentinho começa a desconfiar dela?
Será que o senhor sabe que ela morre aos poucos ao ver que aquele garoto com quem sonhou a infância toda, o garoto com quem ela aprontava, virou um homem emburrado e com mania de perseguição?
Poxa Sr. Machado, a Capitu não merece tanto sofrimento!
Certamente que o senhor já leu Otelo e a coitada da Capitu consegue sofrer ainda mais que a Desdêmona, aliás, seria ela uma espécie de Desdêmona e por isso o senhor colocou uma citação da peça na obra?
Aposto como faz tempo que o senhor não a lê, gostaria mesmo de pedir que o fizesse.
De coração sabe, de uma leitora muita apaixonada, é castigo demais as pessoas não entenderem o mistério que cerca a personagem mais encantadora das tuas obras!
E ficam vários teóricos fazendo análises sobre isso, sabia? Uns dizem que ela traiu, outros que não. Alguns até apontam a vida pessoal do senhor para explicar tal obra, dizem que o senhor mesmo teve casos extra-conjugais!
Não me atrevo a dizer nada, espero uma releitura sua e uma explicação se possível, não sobre ela ter traído ou não, mas uma explicação pra tanta magia, tanta desenvoltura, tanta sensualidade em uma mulher que faz parte do imaginário de todos nós leitores.
Queria mesmo saber fazer personagens como o senhor!
Sei que muitos dariam uma vida para ser Bentinho, ainda que ele tenha uma personalidade tão ínfima perto da dela. Mas como eu gostaria de ser alvo uma vez daqueles olhos, como gostaria de apreciar os movimentos faceiros e de vê-la rabiscar nomes com um prego no muro velho.
Ah meu querido Machado, jamais fui tão feliz quanto fui lendo, relendo e me vendo dentro daquele olhar.
Toda mulher tem um pouco de Capitu, quase todo homem também.
Releia e eu afirmo, o senhor vai se ver naquela menina mulher destemida, atrevida e apaixonada, vai ver que o amor é mais sem razão do que até mesmo já foi dito.
Deixe-se arrastar pelo olhar de mar em ressaca, deixe-se embeber por tão preciosa pessoa, envolva-se do mistério que corta a alma de uma mulher e saiba, estará lendo o melhor livro já escrito.
Com grande carinho,
Taynná Monteiro Gripp.

P.S.: Aconselho seriamente não procurar indícios de traição, procurar apenas sentir Capitu entrar em todas as células do seu corpo, somente assim será capaz de ver com tanta intensidade quem ela realmente foi.'

(Tema proposto por Blogueando)
(Falar de um livro apenas para mim foi muito complicado, escrevi pelo menos três versões desse email com livros e destinatários diferentes. Entretanto foi preciso falar da Capitu, a Capitu que eu amo tanto e que gostaria que as pessoas enxergassem de um modo menos cruel. Para quem não sabe, 'bruxo do Cosme Velho' era um apelido que Machado de Assis tinha)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tempo, Mano Velho


'Se eu ainda soubesse como mudar o mundo,
Se eu ainda pudesse saber um pouco de tudo,
Eu voltaria atrás do tempo'

Eu poderia até fingir que não me arrependo de nenhuma besteira grandiosa que tenha feito nesses meus vinte anos, e olha que foram muitas! Poderia me entupir de hipocrisia e gritar pro mundo que nunca quis voltar no tempo para retirar aquela frase mal encaixada, para explicar aquele não ou até mesmo para reviver algo bom.
Voltar o tempo é o desejo universal, acho que é mais forte até do que a paz mundial, mais forte do que o sonho de tornar um mundo um lugar melhor.
Entretanto, entenda, sempre há um porém, eu aprendi tanto. Clichê, lógico. Todo mundo diz isso também.
Não sei se teria coragem de voltar, de brincar de 'Efeito Borboleta', já aprendi que toda ação corresponde uma reação e está aí uma coisa que eu realmente temo, as reações.
Se hoje eu sou quem eu sou é porque já errei tudo que errei, a gente aprende é com os erros, só sabe andar porque caiu.
Tenho medo do que teria sido de mim se não tivesse 'dado com os burros na água' tantas vezes.
Não sei se seria tão feliz se já não tivesse derramado todas as lágrimas desesperadas e até já quisesse ter morrido.
Nossa vida é feita de construção e quando uma coisa já está pronta o que se pode fazer é reformar. Eu faço com frequência.
Uma máquina do tempo não resolveria meus problemas, tornaria tudo mais confuso ainda.
Se eu pudesse voltar no tempo, ainda que isso aliviasse as minhas dores e as dores que eu causei, algumas de propósito, outras não, eu não voltaria.
Não porque seja egoísta, mas porque aprendi que o tempo é o senhor da razão, frase barata de figurinha de chiclete. Eu confio no tempo, deixe estar que se doeu ou dói, uma hora passa.
Tudo nessa vida vira cicatriz.

(Post para a Postagem Coletiva da semana)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Vencedor


Duas fotografias, foi apenas o que restou.
Talvez por nostalgia ou por capricho bobo fui atrás delas, no fundo da caixa de fotos, já em tom de foto velha meio azulada um menininho sorriu pra mim segurando bem forte uma medalha de ouro. Era a primeira medalha que ele recebera na sua vida. Procurou pela outra e a encontrou, um braço quebrado e rabiscado com nomes diversos, em destaque o nome da melhor amiga.
Um resumo bom da trajetória de um futuro nadador, como já havia dito o pai, o melhor nadador que o Brasil já vira.
Quando começou a nadar era um nada, raquítico e ali fazendo aulas pra se livrar de problemas pumonares. Nem esperanças tinha, era péssimo no futebol, não sabia jogar xadrez e também não ia muito com a cara de livros. Um completo desajustado.
Mas ali ele fez amigos, fez amigas, recuperou o fôlego, ganhou peso e massa muscular e se tornou um quase homem.
Olhando para o garoto branquelo com a medalha reluzindo no peito ele foi tomado de uma felicidade boa que vem com as incasualidades. Até nos tropeços do destino dá pra ser feliz.
Depois da medalha a vida se enxera de sonhos, agora era um campeão. E até poderia ter sido não fosse a bicicleta do padeiro cruzar seu caminho e lhe fraturar um braço antes das competições de fato começarem.
Não desistiu da natação quando o gesso foi embora, mas já se sabia apenas mais um.
Todos têm um destino, o dele era ser um garoto com duas fotos que representavam a vitória e a conquista, juntas, de uma vida boa sabendo-se dos seus limites, se aceitando como era e sendo feliz. Um campeão.

Para Bloínquês - Edição Musical
(Hoje é o dia Mundial da Natação, como é um esporte que tenho grande carinho e até já pratiquei, quis fazer uma homenagem. Espero que tenham gostado da preciosíssima história.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O primeiro 'Quase-Amor'


'A boêmia é meu mau
E a minha estrada é dura
Nada do que eu digo é real,
Não tenho medo,
Sou impura'


Tinha treze anos e toda a sorte do mundo que cabia no sorriso metalizado. Tinha os olhos de conquistadora do universo e as mãos ainda um pouco trêmulas de medo e timidez pelo primeiro-enfim amor.
Era a sua vez de tentar ser real, sua vez de largar os livros e tentar fazer um conto de fadas mais interessante, um conto de fadas onde a Cinderela tinha os cabelos encaracolados e o príncipe acabara de chegar na cidade, em um circo.
Passou a semana toda esperando o momento certo de se aproximar, assistiu a todos os espetáculos com a sede que só a idade lhe permitia, o via saltar de um trapézio ao outro e sonhava com a força que aquelas mãos poderiam ter, quando ao fim do espetáculo o seu príncipe virava palhaço ela se divertia por saber que ele, mesmo sem saber, já a fazia feliz.
Durou uns bons cinco dias os suspiros poéticos a procura da palavra certa e ela veio em uma tarde de matinê: queria uma pipoca e ele estava no comando do carrinho.
Um sorriso, um pedido e ela foi sincera de um modo que nunca mais soube ser: 'quero que você me beije'.
Quando viu já havia falado, ele não mais tão menino, tão diferente de todos os garotinhos ingênuos que ela conhecia soube o que dizer e talvez até já estivesse esperando por aquilo.
O espetáculo da noite prometia, ela se vestiu como se fosse para um casamento, colocou o melhor sorriso e deu mais brilho aos olhos agora cientes de que algo novo aconteceria. Vestiu-se de borboletas interiores e calçou sapatos delicados.
Ele estava esperando por ela atrás da lona, do lado do picadeiro, podia sentir o cheiro doce que vinha da barraca de churros e ainda o cheiro estranho de grama pisada e animais largados.
Só que ainda tinha o cheiro dele, o cheiro de algo errado, de algo diferente do que todas as amigas viviam, o cheiro que ela sentia sair de si e que queria se misturar ao cheiro dele, e o cheiro que mais tarde ela descobriria fazer parte de quase todos os beijos de 'amor', o cheiro de menta da bala que ele mastigava.
A puxou pelo braço sem pensar no hidratante que ela passara, havia preparado uns tijolos para que ela ficasse da altura certa e a beijou.
Ela distante do universo se deixou ficar nos braços até desajeitados dele, deixou que ele mordesse com jeito os lábios incertos, deixou que percorresse todo o rosto dando mínimos beijos e deixou até que as mãos dele a segurassem com força, porque ali ela finalmente começava a ser real.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Bye, Baby!



'So let me on down
(Então me deixe)
Because time has made me strong
(Porque o tempo me fortaleceu)

I'm starting to move on
(Estou começando a seguir em frente)
I'm gonna say this now
(E vou dizer isso agora)
Your chance has come and gone
(Sua chance veio e foi)
And you know
(E você sabe)
It's just too little too late'
(Está um pouco tarde demais)

Eu ainda me lembro de você me perguntando: 'querida, posso abraçar você essa noite?'.
Só que agora você não pode mais, você até mesmo não vai querer mais...
Sabe a casa que nós sonhamos construir juntos e ainda os filhos que a gente sempre imaginou correndo pelo jardim? Bem, eles não virão mais, espero.
Sabe quando você me beijava e fazia o mundo parecer melhor, sabe quando eu queria que tudo acabasse ali pra que nunca mais eu tivesse que me separar do seu olhar?
Ah, sinto muito, mas eu mudei.
Pudera, eu precisei mudar, foi o golpe que você me deu, acontece com as melhores famílias, dizem por aí.
Agora eu não quero mais, sinceramente, pensei mil vezes no que te diria e me permiti ficar tanto tempo em silêncio porque não te achava merecedor de nada que saísse de mim, nem mesmo dos palavrões que você mereceu.
Ah querido, hoje eu vejo o mundo de outra forma, até fico feliz pelo que você me fez.
Não, não estou enlouquecendo, mas é que descobri que os campos também são verdes fora do mundo que você me prometeu. Da janela do ônibus eu vejo os pássaros seguindo alguma coisa que não enxergo, vou 'passarinhar' por um tempo, desculpe se eu não quero mais realizar os nossos sonhos, mas vou tirar um tempo para sonhar sozinha.
Vou sentir o vento bater no meu rosto e bagunçar meu cabelo, vou de alma limpa e se eu me apaixonar de novo não vou desfilar com ele na sua frente, eu tenho um mínimo de decência, não se preocupe.
Lembra como você sempre ficava zangado quando eu me vestia fatalmente, bem querido, agora eu estou vestida assim e quando a sua carta chegar, estarei ainda melhor, provavelmente, porque aqui estou um pouco amassada devido à viagem.
A viagem em busca da menina que fui um dia, ou quem sabe a viagem de despedida dela, quando eu voltar se você ainda estiver aí, estacionado ocupando a vaga que não mais te pertence, por favor, junte os cacos que sobrarem do mundo perfeito que você quebrou. Ele não me interessa mais, não vou viver de colar as coisas, vou procurar algo novo e melhor.
E se por acaso você quiser procurar por mim, não o faça.
O lugar para onde vou é só meu. Lá é o meu mundo. Não há mais espaço nele para você e seus sonhos que se quebram facilmente.


Tema proposto por Bloínquês

(Ao som de: Too Little, too late - JoJo)
(O texto é fictício, não é inspirado em um momento pessoal nem em alguém, é apenas obra da minha imaginação)

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