segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Carta sem Destinatário

'Faz tempo que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias:
Eu mesmo envelheci.'
(Carlos Drummond de Andrade)

É, eu não queria escrever, mesmo tendo escrito três cartas antes dessa. Eu não queria te mostrar a saudades que eu ainda sinto, mesmo sabendo que você talvez nem esteja ligando. Eu não queria nem gostar mais de você, afinal, a gente consegue esquecer as pessoas 'sem importância' depois de seis meses sem contato.
Mas eu ainda gosto.
Não quero que as coisas voltem a ser como eram antes, eu sei que seria impossível também, não quero porque eu sou melhor hoje, amo o meu novo jeito de ser, amo a independência que agora eu descobri ser capaz de ter, amo gostar das minhas músicas e não esperar recados seus. Só que ainda espero e ainda gostaria de um abraço.
A carta aconteceu porque hoje eu sonhei com você, depois de seis meses eu voltei a sonhar com você. E eu mandei aquele recado no orkut dizendo que sinto saudades mesmo, eu resolvi abrir de novo o meu coração, como se você não soubesse o quanto me faz falta o seu abraço.
Queria de novo aquela amiga que um dia você foi, queria de novo tardes inteiras em volta da mesa conversando sobre filmes-livros-família-planos, não da mesma forma, mas não totalmente diferente.
Será que dá pra existir um consenso?
Não dói mais sabe, graças a Deus, já era sem tempo. A carta não está arrancando a casquinha do machucado e trazendo pro meu peito um mar de mágoa e medo, a carta me alivia a alma e me mostra que nem tudo muda, por mais que nós mudemos o tempo todo.
Uma vez te disse que falaria de você para minhas filhas, falaria da amiga que me ensinou muita coisa. Depois fiquei com ódio de mim por ter falado e por ter demonstrado tanto afeto para alguém que me desprezava. Mas quer saber? Eu sou assim, doida mesmo, você sabe.
Não menti hora nenhuma, vou contar muita história sobre você para todo mundo e tenho a esperança de dizer que as coisas voltaram ao normal.
Um dia eu assisti 'O Curioso Caso de B.B' e percebi que há sempre tempo para mudar, para ser o que você sempre quis e fazer o que pretende.
Espero que ainda haja tempo para dizer tudo isso.
Espero somente que você um dia leia isso e que dê um meio sorriso, aquele meio sorriso que você dá quanto gosta do que vê, e talvez você se lembre de um abraço há tempos não dado.
Um beijo.


(O tema foi proposto em Post Coletivo, eu tive medo de participar, mas precisava dizer essas palavras e gostaria muito de que o destino delas fosse certo dessa vez. Vou ficar com o coração na mão, mas foi melhor assim.)

3 comentários:

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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