segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dos laços



"Não importa quantas milhares de pessoas viraram estatística. Quem um dia você chamou de amigo, será sempre uma pessoa, nunca um número qualquer em registros hospitalares. Vou além, nem o sangue tão dessemelhante me impede de te chamar de irmão."

Ando procurando fundo definições do porquê a gente se encontra em pupilas alheias, mas psicologia nenhuma me define tal coisa. Confesso que me sinto um pouco mal porque me dou por inteiro mesmo sem saber se o outro está ali, disposto a receber tudo isso. É afeto por demais e o demais às vezes assusta. O mundo é feito de tão pouco.
Mas se não for assim, não serei eu. E se não for eu, não é digno. Mas e se você não estiver disposto a me olhar e me querer mesmo sendo essa criatura estranha?
Devia ser lei a reciprocidade, uma lei universal para qual não houvesse prisão, mas liberdade incondicional. Se não é recíproco, que não exista.
Tenho defeitos de fábrica e eles fazem aniversário como os pecados de estimação. Moram em mim, sempre penso que me livro deles e sempre estou novamente indo até o fundo, cobrando. Não é por querer, acho tão feio cobrar. Mesmo.
Me arrependo sempre, queria ter o orgulho de dizer que isso nunca acontece, mas eu erro tanto e peço perdão. Tenho medo de perder. Não sei mentir.
Talvez eu seja ainda uma criança em tanta coisa! Cabe viver mesmo pra aprender.
Já me prometi demais que não ia achar lindo um brilho de olhos e topei em esquinas com olhos tão lindos que quebrei promessas antigas. Não dá pra viver sem experimentar um bom abraço, ainda que haja sempre riscos.
Acredito nas coisas como são, acredito nas coisas que foram e mais ainda nas que serão, não há encontro sem motivo, não há reconhecimento de alma sem proveito. O acaso é vazio de sentido e sentido é preciso sempre.
Não é fácil lidar comigo, mas vou fazer o quê? Não é fácil lidar com ninguém, mas é preciso tentar porque viver sozinho e num lugar só é para pedra.
Queria pedir pra você sorrir e desviar os olhos, mas não totalmente. No começo a gente estende a mão por curiosidade, depois por carinho, eu queria que estendesse agora por saber que eu gosto de tocar. Eu gosto.
Acredite que não sei  bem dizer algumas coisas, mas tento tanto! 
Aquela metáfora de que as coisas mais importantes são transformadas em objetos pelo cérebro pra que a gente possa dar, receber. Pôr na estante.
Não faço sentido e nem vou fazer sempre, mas isso não é ser incoerente, é ser real. 
Quase todos os dias peço pra que acorde feita de cimento, mas não dá, nunca me atendem. 
Hoje não quero pedir nada não, sei que meus créditos não estão lá nas alturas, hoje eu quero só dizer que pra mim é muito mais que um número, adultos é que gostam deles. Não é algo pra se fazer volume, não é pra eu exibir, não é pra eu ter em quem me apoiar, é porque olho e vejo dentro da sua cor um mundo que é comum ao meu. É porque toco e sinto. É porque é amigo. E amigo é definição que quase sempre se basta.

(O fragmento lá em cima é do Gabito Numes - twitter @gabitonunes)

4 comentários:

  1. "Não faço sentido e nem vou fazer sempre, mas isso não é ser incoerente, é ser real." ♥
    Lindo texto, flor!
    Faz tempo que não passo por aqui, mas continua lindo! =]
    beeijo

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  2. gostei do texto..
    mais gostei mais da frase q vc colocou no inicio..^~

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  3. NA VERDADE NÃO CANSO DE DIZER.
    PARABÉNS O TEXTO É LINDO.
    e... parece que vc lê a alma da gente!!! E COMO SE FOSSE UM ESPELHO SABE REFLETE O QUE TEM LÁ DENTRO.

    BJU
    SAUDADE

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  4. Que certeza absurda de que você é uma das minhas escritoras favoritas! Quanto sentimento lindo, quantas palavras... ah!
    http://palavrasasas.blogspot.com/

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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