quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Agora ou Nunca


'Felicidade
Eu quero andar na vida
Namorando você...
Eu faço exatamente o que eu sempre quis
E é muito importante
Que eu seja feliz!'

Com o buquê nas mãos ela correu para os braços dele, deixando de se preocupar até mesmo com o penteado ultra chic de madrinha de casamento:
'Amor, agora nós seremos os próximos, eu peguei o buquê'.
Ele sorriu um sorriso sem graça na frente dos amigos, aceitou o abraço, mas ela sabia que não seria assim.
Ela sabia que já tinha acabado fazia tempos, sabia que os sonhos não eram mais em comum. Tentou ainda aproveitar o resto da festa, no entanto o pensamento não mudava, rodava e caía no mesmo ponto: o seu casamento.
Alguns goles a mais, no fim da festa, ainda com o buquê nas mãos ela se aproximou dele novamente, chamando-o para uma volta.
'Quer saber, eu sempre imaginei que passaria a vida inteira com você. Não porque você fosse o melhor, mas porque eu não conseguia me imaginar longe desse abraço tão aconchegante, eu não conseguia imaginar uma vida em que você não estivesse'.
Silêncio, o buquê pesando uma tonelada, o vazio do lugar onde já deveria morar uma aliança no mínimo de compromisso.
'Faz tanto tempo que eu até desaprendi que o que a gente tem que buscar não é isso, não é alguém que faça da sua vida a vida dele, é alguém com quem se compartilhe, com quem se crie algo novo. Nós não temos algo novo'.
Ela não se aguentou mais e jogou o buquê no chão. Não queria mais aquelas flores, não queria mais casamento algum, não queria ninguém. Queria-se sozinha, inteira.
'Você não perguntou o que eu penso sobre isso, mas eu penso como você, como sempre, nós pensamos juntos. Não dá mais para viver uma vida assim, sendo metade. Não quero mais ver você como aquela menina que vive em busca de um sonho, não quero mais ter um relacionamento que se constrói com um objetivo único: o altar. Eu quero algo novo, totalmente novo, diferente do que já vivi com todo mundo e também com você. Não quero mais isso'.
Os olhos de ambos se prenderam nas flores jogadas no chão, não se sabe de quem foi a iniciativa, mas se abraçaram em silêncio mútuo e sentido.
Se desprendendo dos braços dela, ele sorria de novo, enquanto podia notar lágrimas nos olhos sempre quentes e ativos que ela tinha.
Às vezes tudo que é preciso ser dito acaba saindo de uma vez, sem pedágios ou curvas, em velocidade máxima arriscada.
'Só mais uma coisa' - ele respirou fundo para fazer suspense - 'a gente não pode subestimar assim as tradições. Você pegou o buquê'.
Secou com as costas da mão uma lágrima indecente que estragava a maquiagem já cansada.
'E mesmo sabendo que agora você se quer inteira, mesmo sabendo que eu tive muito tempo para fazer isso e acabei planejando tudo para ser de um modo diferente. Mesmo correndo o risco de ouvir um não merecido. Eu te amo, sua boba. E eu quero construir algo novo com você. Para sempre. Dia a dia'.
'Novo?'
Balançou a cabeça.
'Você não me merece, seu besta'.
'Mas você é a alma mais caridosa que eu conheço'.
Sorriram e se abraçaram, ela entediada por ter feito todo um espetáculo, sentindo enfim uma aliança não só no dedo da mão direita, mas na alma. Ele feliz por ter acertado em cheio a hora do pedido.
Com ou sem buquês, seriam os próximos.

(Pelo som de: Felicidade - Chicas)
(Tema proposto por Bloínquês)

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2° lugar na quarta edição fotográfica do Bloínquês, obrigada gente!

8 comentários:

  1. Adorei a história, achei bem criativa :D

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  2. Gostei pacas,
    eu li sorrindo!
    Muito bom o texto, você escreve bem é uma leitura facil e gostosa.

    Boa sorte!

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  3. PS: to seguindo e te indicando no meu blog

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  4. Lindissimo o texto!

    Que bom terem resolvido por tentar algo novo e não deixar o amor de tantas rugas no fim desmoronar! ;D

    Beijos

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  5. Liindo, merece ganhar *-*

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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