segunda-feira, 10 de maio de 2010

Seu olhar na minha janela


I've been sitting watching life pass from the sidelines
(Estive sentado assistindo a vida passar diante das calçadas)
Been waiting for a dream to seep in through my blinds
(Esperando por um sonho infiltrar-se entre minhas cortinas)
I wondered what might happen if I left this all behind
(E eu imaginei o que poderia acontecer se eu deixasse tudo para trás)

Sabe mãe, a vista daqui é diferente, você perguntaria onde está o verde que eu amo tanto.
Eu carrego ele comigo no meu coração, junto com você e tudo que foi perfeito e eterno daquele nosso mundo.
Sinto muito mãe, eu tentei mesmo ficar, tentei gostar da outra que ele colocou tão facilmente no seu lugar, tentei me adaptar, escolher cuidar dele e do que vocês começaram a construir, não deu.
Talvez eu não seja nada mesmo do que você esperou que eu fosse um dia, como ele mesmo vivia me dizendo. Não vou poder dizer nunca, afinal, nunca consegui saber quais eram os seus sonhos para mim.
Hoje olho para o novo mundo que se abre e eu tenho medo, provavelmente o mesmo medo que tive quando dei os primeiros passos e não senti o toque das suas mãos, quando fui para a escola e você não estava lá comigo, quando dei o primeiro beijo e não tive para quem contar.
Eu cresci mãe, mas o medo que me vêm da sua ausência continua o mesmo.
Ainda assim eu sei que preciso seguir em frente, pelo que você foi e fundamentalmente, pelo que eu quero ser por você, por seu sacrifício em meu nome.
Ontem foi o dia das mães, eu não tenho muitos amigos aqui ainda, acabei de chegar, então me permiti ficar olhando o mundo da minha pequena janela, entendendo que você vai estar comigo onde quer que eu esteja. Em qualquer janela, com qualquer vista, eu vou olhar e vou sempre te enxergar.
Sua foto já está em cima do criado mudo dividindo o espaço com todos os livros, sinto falta de casa, mas sinto uma falta maior de algo distante, sinto a sua falta. Impossível sentir falta de algo com o qual não se teve contato?
É como se eu me lembrasse da única vez em que estive nos seus braços mãe, estranho para todos, mas possível para mim.
E é pela lembrança do seu colo que eu sei que ficarei bem aqui, é pela lembrança dele que eu olho pela janela com segurança, eu sei que o seu colo está onde eu estiver.
Se você olhasse da janela agora mãe, você veria um mundo novo e eu sei que sorriria, espero ser tudo aquilo que você sonhou, se não for, espero apenas que esse colo sempre me acompanhe, e que seus olhos estejam abertos para todas as janelas que eu vier a abrir durante minha vida.
Obrigada por ter me permitido viver, por ter me escolhido e por ter renunciado a si mesma por mim.
Te amo mãe.
Te amei desde sempre.

(Texto para a edição visual de Bloínquês)
(Ao som de: This Time - Jonathan Rhys Meyers - Trilha sonora do Filme 'August Rush')

3 comentários:

  1. realmente perfeito *--*
    gostei muito.beijos :*

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  2. te amo mãe,
    te amo desde sempre!

    Mexe aqui dentro, mexeu mesmo. Muito bonito Sarah!
    Beijo,

    Charlie B.

    Ps. A neurótica, é? UAHUA, e eu o paranóico, =D

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  3. Lindo lindo!
    To seguindo tbm! *-*
    Boa sorte!
    Beijos!

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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