terça-feira, 13 de julho de 2010

Terra pra Cobrir o buraco do Peito


O tempo é que via passar
A gente só vai rodar
Na mesma ilusão
De recomeçar

Ela saiu do carro e prestou bastante atenção na casa velha de paredes descascadas. Pareceu tudo tão clichê daquele ângulo que ela se obrigou a ir até o quintal, se lembrar da piscina de plástico que ficava bem perto da árvore pra onde ela fugira um dia, a árvore do primeiro beijo e de tronco forte onde se batia o pique-esconde.
Era tudo tão pequeno e desbotado depois de anos que ela não se importou com a pieguice da situação e se permitiu sentar nas tábuas velhas da varandinha dos fundos e ficar imaginando se dali a alguns anos ela olharia pra trás e veria que seus problemas, assim como as lembranças da infância, eram bem menores do que imaginava.
Ia fechar os olhos mas pensou em como a cena pareceria ridícula para qualquer espectador, correu então os olhos perdidos até o muro tantas vezes rabiscado e quis do fundo da alma ter levado bem mais tempo pra se livrar de tudo aquilo.
Lá daquele lugar de onde brotam as coisas puras saiu uma lágrima que ela ainda tentou prender, mas era só a nostalgia, pensou. Estragando o esmalte perfeito das unhas cavou um pouco da terra que tantas vezes beijara com os pés descalços, e guardou num vidrinho de tamanho não confiável, como os sonhos, que se parecem pequenos quando são sonhados, mas se realizados, são grandiosos.
Apertou firme com as mãos unidas e depois de dar mais uma olhadela pra árvore que já tivera uma casa desajeitada em seus galhos, entendeu que era preciso ir embora.
Enfim.


Ao som de: Ter que Esperar - Chicas

(Um Feliz dia do Rock pra todos que gostam do estilo musical, até pra quem não conhece e acha que o que se faz hoje em dia por algumas bandinhas de adolescente é rock)

4 comentários:

  1. Tay , me prendi no texto, imaginei as cenas o tempo todo aqui. É a segunda hoje já, adorei :)

    bejs :*

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  2. Adorei o texto, escreveu muito bem.
    Amo teu blog,
    beijos!

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  3. Narrou o fato com tal perfeição, que eu duvido que seja ficção! :)

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  4. Algumas vezes é difícil se desapegar do passado, é mais fácil entrar em um expresso de lembranças do que encarar o futuro, o novo, o imprevisível. Confesso que tenho dias nostálgicos e não me envergonho de ser quem sou, de sentir o que sinto, de ser absolutamente um pensador, sonhador e chorão, beijo.

    Charlie B.

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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