domingo, 5 de dezembro de 2010

O que eu não quero ouvir


Ana Terra não era a mais experiente no quesito Amor, então quando a professora de Literatura questionou com entusiasmo o poema ultra sentimental da segunda geração romântica ela fisgou os olhos no quadro, mordiscou o lábio e deu de ombros, aquele gesto tão seu:
- Ah professora, para mim o Amor é só ele, deixo ele meio em paz.
Não satisfeita a professora insistiu em uma definição mais objetiva da menina, que impertinente não poupou sinceridade na fala:
- Bem, é que o Amor é como uma coisa estragada que a gente não consegue jogar fora. É isso.
Atônita, a mulher desistiu de arrancar alguma coisa poética daquela criatura já tão prática, tão ciente dos acontecimentos reais da vida, virou-se para o quadro e suspirou.
Vai ver que lá no fundo, onde a gente guarda as coisas em segredo, fosse um pouco assim mesmo.
Algo lindo trazido da infância que te traz as melhores lembranças e que de vez em quando você precisa apertar bem próximo ao peito pra sentir o coração bater mais forte. Que faz com que você se sinta segura por saber que está lá apenas, bem guardado, tão seu.
Ou não.

(Mais uma dessa menina-mulher, inspirada em uma definição dada por uma grande amiga para o meu TCC, sobre o Amor. Ela nem sabe o quanto essa definição norteou o meu trabalho, e algumas vezes até o meu sentimento. No fundo todos nós já pensamos assim em algum momento, não é anti-romântico, é só provável, concreto. Bem dela mesmo)

4 comentários:

  1. Gosto da Ana Terra, das fases dela, fora do tempo cronológico. Hora menina, depois mulher. Questionável por vezes, depois "questionante". Pratica ou pensativa, e todas aquelas variações. Que Ana Terra defina mais coisas. Beijo

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  2. Sabe no fundo eu concordo com ela. Por mais que busque a poesia.
    Beijos.

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  3. Coisa estragada que não conseguimos jogar fora... Adorei a definição, apesar do prisma meio negativista. Do mesmo jeito que o amor machuca, também alegra e traz vida. Eu definiria como irônicamente essencial! ;)

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  4. Tay,

    lindo lindo lindo! quem sabe um dia essa menina-mulher ai consiga ver a vida de forma mais poetica e menos exata e concreta! acredito nisso! ou não.

    vc escreve né! lindamente!

    bjos
    carol

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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