quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ana Terra


Ana Terra brincava com o amiguinho imaginário ao que o pai lhe perguntou:
- Você está falando sozinha novamente, minha filha?
A menina de cinco anos e olhos perolados suspirou bem fundo e como quem conta segredos por descuido disse ao amiguinho:
- Tadinho do papai... Mamãe me disse que ele está com os olhos cansados. Mas eu acho que isso não é só problemas nos olhos. Não sei não, acho que ele está enxergando com os olhos errados.

(Ana Terra é um nome roubado de uma personagem de Érico Veríssimo, como achei tão doce resolvi criar a minha versão dela. Em alguns contos ela aparecerá menina, em outros mulher, vai depender de como ela me vier na mente. O fato é que é uma linda menina, linda, doce e decidida. Espero que se apaixonem por ela!)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Com muitos Sucrilhos e as Neuroses de sempre



'Porque eu sou feita de amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar'


Refeita de pedaços cortados, reciclados e de pedaços novos, estou aqui comemorando um ano de blog.
Nem sei dizer o quanto tudo mudou desde o fim de agosto passado, fato é que é possível reconhecer algumas características que me trouxeram até aqui naquela 'primeira vez'. Ainda sou, pela definição de uma amiga e a concordância de outra, 'uma novela mexicana'.
Sinceramente, preferiria ser um filme de cinema europeu, mas será mesmo ruim ser assim?
Filmes europeus, principalmente ingleses, são sempre tão frios. Ao menos eu vivencio, eu sou sensível à dor porque também sou ao toque.
Devo então ser muito grata a Deus, porque por sentir, nasceu esse espaço. Por sofrer e por amar, quase sempre demais, eu sou feliz, do jeito 'novela mexicana', não existe quem nunca tenha experimentado a sensação de ver um folhetim barato. Até Machado de Assis tentou fazer literatura de massa, me sinto bem sendo um best-seller, vai ver não tenho vocação mesmo pra cult.
Como prova de tamanho sentimentalismo, lógico que eu precisava agradecer a todos que me 'vieram' com o blog e aos que me fizeram suportar minha pior fase, a do começo de tudo isso.
Sou eternamente grata a Deus, por Ele me permitir ser fraca e na minha fraqueza me mostrar o quão pode me ajudar a ser forte. Por Ele me presentear diariamente com pessoas tão especiais e por colocá-las no meu caminho. Obrigada por sua fidelidade para comigo, meu Pai.
Obrigada às pessoas: Felipe César, Nicole, Carol, Lara, Felipe Eller e Cris.
Espero não ter me esquecido de ninguém.
Quando meu mundo tremeu eu tive mãos firmes me apoiando. Quando eu tinha somente um assunto e ainda assim, um assunto bem chato, eram esses os ouvidos que me escutavam. Eram os ombros onde eu sempre chorava e foram meus escudos e âncoras.
Felipe, pra você eu guardei o amor que nunca soube dar. Você sabe disso.
Nicole, que sementinha linda fez você brotar? Porque só me lembro de você aqui, fazendo parte, essa proximidade que eu sempre tive de você é estranha né?! Vai ver era você a gêmea perdida.
Carol, ah, eu sou piegas demais!! Eu chorei com você quantas vezes? E quantas vezes você me disse que ficaria tudo bem, que voltaria tudo ao normal? Eu teimo tanto mas você tem sempre razão. Sempre.
Lara, ver cores em você fez total diferença na minha vida. Ouvir aquelas construções que só você sabia fazer e te chamar de 'Senhorita Reciprocidade', não teve preço.
Felipe Eller, meu lindo loiro, a gente se fez forte e isso vai ser pra sempre.
Finalmente, a amiga que me veio com o Sucrilhos e que até hoje eu não consegui abraçar pessoalmente, Cris. Minha margarida brotada no meio da calçada, teimosa e arengueira, aquilo foi comunhão de caos, não é? Só sei que ainda que a gente mais chorasse que tudo, a gente se uniu de tal forma que Pernambuco é logo aqui.
Eu sei que para muitas pessoas tudo isso não significa nada, é um post auto-biográfico e de cunho extremamente pessoal, mas meu blog está fazendo um ano! É um bebê e o orgulho da mãe dele, dá licença que eu quero agradecer aos que me ajudaram.
Obrigada a cada leitor, cada seguidor, cada amigo que passou por aqui.
Hoje eu não sei não vir aqui todos os dias, não sei mais como é não postar, não ter vontade de criar contos, de ver comentários e seguidores se multiplicarem.
Ainda bem que Deus me permitiu estar aqui.
Ainda bem que existem pessoas que nos ajudam, sempre.
Ainda bem que eu sou uma novela mexicana, e que posso sentir tudo isso lindo que estou sentindo agora.
Feliz aniversário Sucrilhos e Neuroses.




(Ao som de: Rosas - Ana Carolina)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Algumas coisas apenas são.


Tem poça que às vezes parece oceano, lágrima que às vezes vem feito temporal.
E tem coisas que são apenas.
Era o cão dourado, quase um leão, mas com cara de porquinho fofo. Eram amigos desde quando? Uma década inteira compartilhada, amigos passaram, entraram e saíram e ele sempre estivera lá. Aquela espécie de lealdade que as pessoas tentam imitar sem muitas vitórias.
Sabiam-se apaixonados, declarados eternamente donos um do outro. Não havia mesmo um modo de ter algo sem que algo a tivesse junto, aprendiam cumplicidade e ela enxergava tudo através dos olhos doces submissos.
Lembrava o cão ruivo da Clarice e a solidão da menina aos soluços debruçadas sobre os próprios joelhos.
Um encontro de almas afins, que se mereciam, se precisavam em silêncio compreendido.
Ela entendia o modo como ele era independente, ele levava na boa o jeito dela, tão cientes das suas missões na vida um do outro que não questionavam, vivenciavam uma amizade mística, um amor sem tamanho e sem distinção de raça.
Ele era humano, quase chorava ao vê-la mal, sentia sua fragilidade e se colocava aos seus pés, olhos fitados no olhar perdido que ela tem quando sofre, na falta de brilhos das pupilas.
Agora não mais poderia tocar a ponta do focinho no seu joelho e dizer que pararia de doer logo, ele não estava mais lá e doía a alma por conta dessa presente ausência.
Ela tão precisada de força naquele momento, e onde ele estava? Jamais poderia tê-lo acusado de abandono, talvez pressentindo tudo que estava mesmo por vir ele relutara tanto, não se deixara ir, abatera-se na necessidade de provar para ela que estaria ali, para sempre.
E estava.
Lágrimas nos olhos, nó na garganta, podia ouvi-lo latir, podia sorrir pelo fato de se sentir protegida ao lado dele, ou apenas amada com todos os defeitos compartilhados.
Ele se fora e o máximo que ela podia fazer agora era eternizar algo que nascera fadado à eternidade mesmo, amores assim com total cumplicidade de sonhos e vida jamais passam.
Partindo mais uma vez a alma, jogou-se no sofá e chorou toda a saudade incontida, chorou não para livrar-se, mas porque sabia, sempre soube, que ele estaria com ela, em qualquer lugar, amigos são amigos, onde quer que estejam, onde quer que vão. Amigos o são, apenas, do jeito que só ele sabia ser.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Filha, a tua fé te salvou.


'Se eu apenas Te tocar um milagre viverei em minha vida'

E o mundo ainda está diferente, eu ainda tenho medo de muitas coisas, ainda não sei ao certo o que acontecerá a partir de dezembro, só que eu tenho segurança.
Eu ouço as batidas do meu coração e as sinto, uma a uma, quase posso sentir o sangue deslizar nas veias, renovando as células.
Vem dEle.
A vontade de sorrir para o novo, para o de sempre, para os outros na rua e para os de dentro, aqueles com quem mais convivemos e com quem temos menos paciência. A vontade de não sair de perto dos braços de segurança nos quais Ele me envolve, a necessidade de agradecer, o tempo todo, por tudo.
E isso tem me deixado sem palavras, não por não querer dizer ao mundo o quanto estou bem e feliz por perceber a fragilidade com que meu coração bate, a pulsação forte e fraca do meu sangue, eu fico feliz por saber que há um propósito para esse sangue circular, há um propósito para minha vida, eu não estou aqui por nada, não vim ocupar espaço nesse Planeta não-lugar.
Eu tenho o meu lugar, ele não é aqui, mas eu estou aqui por um motivo, um objetivo que não sei qual, mas que quero viver o melhor possível, para Ele.
Independente de tudo, dependente.
Livre dentro dos braços e planos daquEle que tanto me ama.
Tão estranho me ver falando de Deus assim né?! Mas eu jamais quero falar de outro modo.
Eu quero que você entenda a minha gratidão, e quem sabe até enxergue isso em você também. 'A minha fé vai me levar onde o impossível torna-se real', você pode acreditar também, não é difícil, é só enxergar o quanto sua vida é abençoada.
A minha é.
Graças a Ele pela chance de vivenciar tudo de maravilhoso que tem para nós. Sempre.
E sempre.

Tradução da imagem: "Porque eu sei os planos que tenho para você. Diz o Senhor. Planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhe esperança e futuro"

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pedaço de mim


'Uma vez, quando eu tinha quatro anos,
achei um caco de vidro no monturo.
Lavei, enxuguei, guardei bem guardado
e fui comer com vontade, ficar obediente,
emprestar minhas coisas, por causa do caco,
porque tinha ele,
porque eu podia quando quisesse
pôr ele contra o sol e aproveitar seu reflexo'


Agosto significa um ano de Sucrilhos e Neuroses, significou um mês de julho inteiro repensando em tudo que mudou desde julho passado. E vai significar muitos abraços de agradecimento, muitos silêncios de gratidão a Deus, muita alegria compartilhada ainda. Amor a gosto.
Então resolvi retirar os 'cacos de vidro' guardados como pedras preciosas do fundo do armário e colocar pra fora pra recolher brilho novo de Sol. Resolvi sacudir a poeira guardada na alma e a deixar a nostalgia fluir e me trazer abraços tímidos, abraços arregalados, apertados, desengonçados. Veio um caminhão de abraços, todos empilhados feito bóias-frias indo pra lavoura. Até disseram que era perigoso carregar tanto carinho assim, de uma vez só, ainda mais em um transporte assim bem improvisado, mas eu disse que essas coisas são bem assim, vão chegando quando bem querem, não ia impedir toda a felicidade de ter com quem compartilhar, jamais!
Cheios de um brilho renovador eu segurei bem firme meus cacos, alguns ainda esbarraram na cicatriz causadora de tudo isso, mas a pele que cresceu ali é tão forte que nem arranhão o caco provocou, fez cócegas e mostrou que o que não mata... cicatriza. Afinal, engordar não é lá coisa muito boa a se fazer mesmo.
E eu fiquei de novo pensando nos fundamentais, nas minhas pessoas preferidas do Planeta. Meus caquinhos começaram a brilhar tanto que eu até chorei de felicidade de ver toda aquela riqueza acumulada.
Então eu agradeci a Deus e resolvi nomeá-los de 'milagres diários', aqueles que me motivam em dias de chuva, que me fazem querer ser melhor, que aturam meu caos. Meus pedaços de vidro cheios de vida e de luz, brilhantes e com pontas cortantes, que é pra ensinar que não é de qualquer modo que se achega a um coração.
Meus presentes, fundamentos de toda construção, base sólida da minha vida. Meus amigos e quase donos desse espaço que vai fazer um ano já.
Um ano já e eu nem me lembro mais como era triste, nem me lembro mais o que é me sentir sozinha.
Ainda bem que a gente pode ter pra sempre quatro anos e pode sair por aí, catando cacos e guardando na alma. Ainda bem que pra fazer amigos, pra guardar caco de vidro, não importa o tamanho do armário, não importa o tamanho do abraço que vai caber no caminhão, não importa nada além do brilho que vem deles, dos olhos que brilham ali.

(Citação entre aspas: Adélia Prado, que encontrei no blog Caixa Mágica)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Àquela que tem sonhos em Comum

''Somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos''.

Já dizia o Pequeno Príncipe que 'a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar'... Você me faz chorar. Jamais me fez por algum motivo medíocre, você me comove e me faz entender que toda forma de amar vale a pena. Preciso agradecer.
Obrigada por ser tão especial, por me abraçar quando eu preciso, ainda que de modo tímido.
Obrigada por sorrir e até por fugir por não querer me dar notícias ruins, obrigada por ser porto-seguro, âncora e escudo.
Obrigada por me emprestar dinheiro e por me dizer verdades inconvenientes, obrigada por me escutar sempre, ainda que o assunto seja chato.
Obrigada porque até no meu pior, eu sou melhor com você. Até quando o mundo parece um caos a gente senta pra falar da vida e as coisas parecem menos piores.
Obrigada por me ajudar a não sofrer tanto, por me fazer acreditar no que há de mais precioso novamente, por ser um instrumento para me fazer nova.
Thanks.
Obrigada por me estender a mão, por cantar canções enquanto durmo e por jamais ter desistido.
Obrigada por me fazer enxergar ainda que eu não quisesse ver. Por reforçar valores e por sonhar parecido.
Obrigada por me amar.
E por ter se tornado 'eternamente responsável', por ter me cativado.
Obrigada por ser não só parte, mas um pedaço fundamental de tudo que é válido e lindo nesse meu mundo. Por ser a melhor amiga e por aceitar demonstrações de afeto cheias de pieguice.
Mesmo.
Sempre.
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