quinta-feira, 24 de março de 2011

É estranho





Ana Terra rabiscava imaginariamente com o graveto seco qualquer coisa sem sentido no paralelepípedo. Era saudade que ela sentia. Devia ser.
Saudades de olhar no espelho e rever os olhos fortes da menina tão cheia de certezas, agora aquela mulher cheia de dúvidas. Era saudade do vento batendo no topo da árvore e fazendo um barulhinho parecendo com o assobio de uma criança sem prática. Saudade do tapete da sala dos avós onde podia se jogar e deixar estar, sempre.
Talvez fosse até saudade dos brinquedos que da estante acenavam pra ela e ela nunca mais tivera tempo para tocar, aquela coisa só sua de tocar e sentir nas mãos, os que fizeram parte de um futuro tão bom.
Saudade não era sentimento dos melhores, ela nem gostava dele, não mesmo.
Quebrou o graveto. Não valia a pena tentar dizer ao mundo aquilo que nem dentro dela conseguia compreensão, ela pensava cada coisa.
Cada coisa.

2 comentários:

  1. E não é só ela que pensa esse tipo de coisas. Eu praticamente vivo de saudade. De momentos, de pessoas, até de coisas que eu nunca vivi - não é uma sensação estranha?

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  2. A Ana Terra está certa, saudade dói, é tão ruim. Mas nos faz dar o devido valor as coisas.
    Beijos!

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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