quarta-feira, 23 de junho de 2010

Carta ao meu Herói



I used to roll the dice
Eu costumava jogar os dados
Feel the fear in my enemy's eyes
Sentia o medo nos olhos dos meus inimigos
And I discovered that my castles stand
E eu descobri que meus castelos estavam erguidos
Upon pillars of salt, pillars of sand
Sobre pilares de sal, pilares de areia

Olá pai,
Sei que mandei uma carta na semana passada, mamãe diz que é falta de educação mandar outra sem que você a tenha respondido, mas eu precisava muito ter uma conversa com o senhor. Assim, aquela conversa de homem pra homem, mamãe não consegue entender isso.
Estava indo muito bem na escola, mas não se preocupe, tive apenas um problema com a minha professora e é justamente por isso que preciso falar com você.
É que ela passou um filme essa semana, chama-se 'Avatar', não sei se aí você já teve chance de assistir, é um excelente filme pai. O problema é que minha professora disse para todos nós que é isso que os soldados americanos fazem, eles invadem as nações, matam pessoas, destroem famílias, roubam tudo de bom que há e voltam para casa.
Pai, eu não podia ficar em silêncio. Eu sei que você não é um assassino! Eu disse a ela que não era bem assim, que nós íamos para acabar com o terror, que salvávamos as pessoas e que não queríamos destruir nada. Eu disse que você nunca ia matar uma criança, porque você tem um filho que ama muito, disse também que não mataria um homem porque sabe que ele poderia ser o pai de alguém e que você amava sua família, jamais ia fazer qualquer coisa para destruir a família de outra pessoa.
A professora não quis me ouvir, disse que eu achava que o mundo era um conto de fadas e que não entendia nada de guerra, disse que eu não podia pensar que você era um herói e que devia ter vergonha do sangue que suas mãos pingavam.
Foi impossível não chorar pai, ainda que eu saiba que homens não choram...
Porque eu vi nos jornais muitas pessoas mortas e eu tive medo que fosse você, tive medo que o seu corpo estivesse entre aqueles ou que fosse por sua culpa que eles estivessem no chão.
Eu chorei porque não quero entender que você é cruel assim pai, você não tinha coragem de matar passarinhos, teria coragem de matar gente, pai?
Por favor, me diga que não é assim, me diga que você não atira nas pessoas e que está aí por qualquer motivo que não seja tão idiota quanto demonstrar poder. Eu não quero que você faça guerra, esse povo nunca fez nada contra nossa família, porque você tem que estar aí?Por favor pai, me escreva e diga o que você faz aí, diga que você ajuda essas pessoas porque assim eu poderei mostrar a carta para ela e todos verão que você é mesmo um herói.
O meu herói, aquele que me ensinou o certo e o errado, que sabe que não podemos tirar a vida de nada, porque não temos esse poder.
Espero respostas com muita saudades do abraço apertado que você me dava sempre.
Do seu filho, Simon.
(É uma carta fictícia, Simon tem nove anos e seu pai está lutando no Iraque, foi feita para a pauta do Bloínquês, edição fotográfica).

(Ao som de: Viva la Vida - Coldplay)

2 comentários:

  1. Taaay..


    seei qe vooc ja deve ter muitos; maais selo praa vooc amor

    :*
    to sempre vindo aqe viu.

    http://debbiecobain.blogspot.com/2010/06/selo.html

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  2. Irmã e seus textos de arrepiar..

    Sensível, genial e linda a carta fictícia!

    Beijao

    ResponderExcluir

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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