sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quase Amor de Cinema


Love can touch us one time
O amor pode nos tocar uma vez
And last for a lifetime
E durar por toda a vida
And never let go till we're one
E nunca ir embora até nós partimos

Do fundo da caixa de fotografias caiu o recorte de jornal, Jack e Rose expressando amor pelos olhos em uma das últimas cenas me fizeram retornar doze anos.
Era janeiro de 1998 e os meus planos de universitária incluíam um casamento ainda naquele ano. Eu tinha um noivo apaixonado, bonito e inteligente, que logo se formasse estaria me levando pro altar. Tínhamos mil planos em comum e um gosto diverso no que dizia respeito à filmes.
Foi assim, numa tarde de sábado que fui sozinha assistir ao tão comentado Titanic. Cinema lotado, eu uma adolescente em fase de transição para a vida adulta com um príncipe encantado esperando em casa e o coração ansiando por viver aventuras.
Ele não se sentou do meu lado, mas estava na mesma fileira, às vezes o meu peito ardia e eu precisava parar de olhar aquele casal na tela, então notava os seus olhos em mim.
Terminado o filme eu precisava de mais. Esperei a próxima sessão, comprei meu bilhete e fui até a sala, ainda vazia.
Era como se tivesse perdido um pedaço de mim, como se o amor do filme fosse mesmo tão real, capaz de transformar. Chorava de vontade de viver algo assim, de ter um amor impossível que lutasse por tudo.
A sala lotou e mais uma vez ele estava lá, mais perto de mim, sorrindo agora.
Alguma coisa insistia em dizer que era um sinal, eu que pedira um amor de sonho, um amor que fugisse ao que me esperava do lado de fora.
Novamente o convés, o brilho nos olhos, o desenho dela nua. Outra vez o iceberg, o desespero, o capitão morrendo com seu navio. Quando enfim Rose atira o 'Coração do Oceano' ao mar meu coração dizia que seria atirado da mesma forma, se eu não fizesse nada. Saí da sala e esperei por ele, não sabia o seu nome, não sabia o que estava fazendo nem o que me levara a tamanha loucura. Mas ao vê-lo meus olhos sorriam e eu o beijei.
Foi um beijo tão rápido, tão inesperado até mesmo para mim.
Ao fim ele sorriu e eu cheguei por poucos segundos a imaginar o que teria sido de mim dali para frente, só que eu era apenas uma maluca apaixonada pelo 'amor' depois de ver um filme. E ele se foi.
Em casa o mundo real me esperava, com seus amores possíveis, revirei todos os jornais até encontrar uma fotografia que pudesse me trazer pra sempre aquele momento, aquele sonho, aquele amor que naufragou mas que poderia ter sido lindo.

Ao som de: My Heart Will Go On - Celine Dion (retirada do fundo do baú musical!)
Texto para a Edição Visual do Bloínquês

Um comentário:

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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