segunda-feira, 11 de abril de 2011

Porque eu não quero mais





Caríssimo Lado B,


Sabe que ando pensando no quanto você é medíocre? E para piorar, o quanto eu sou medíocre por permitir que você me governe algumas vezes... Lógico que você não é um assassino em massa que aflora dentro de mim e me faz cometer atrocidades, mas não se sinta melhor por isso. Você me mata aos poucos, e pior, você mata os meus sonhos. Os nossos sonhos.
Deve ter sido alguém que nos disse no passado que covardia era ser sensato e você acreditou. E você por tantas vezes me faz parar diante de um desafio por não poder errar. Quem foi que nos impôs que seríamos exemplos de perfeição? Me diz! 
Eu odeio o fato de me sentir insegura por sua causa, o fato de tremer ao escrever alguma coisa e você ficar me dizendo que eu deveria ir por um caminho mais fácil, porque o caminho que sempre escolho pode nunca deixar de ser um caminho de sonhos.
Eu não me importo de me parecer com Alice e tentar seguir coelhos brancos com relógios, eles me levarão a algum lugar. Ficar sentada esperando a vida passar não vai!
Por sua causa eu me importo com que os outros dizem e fico sempre com a sensação terrível que poderia ter feito algo para melhorar as coisas. Não posso, aprenda isso. Nem tudo está sob controle e mesmo que estivesse, nem tudo eu preciso controlar, eu quero.
Às vezes eu me lembro de quando era criança e você não existia, ou morava em qualquer canto da minha imaginação tão fértil que eu não te dava a mínima confiança. Eu pulava do balanço em movimento. Eu entrava no rio sem medo de me afogar e o melhor, eu sorria tanto, aquela risada que criança tem e que contagia.
Vá procurar o seu canto novamente e faça o favor de se aquietar lá. Fique estagnado e faça parte da paisagem, se é isso que você deseja. Mas cale-se.
Cale-se porque eu não quero acreditar que não sou capaz só porque errei em alguma coisa, eu não quero achar que sou pouco só porque a exigência é muita. Não quero me sentir pequena diante das coisas e muito menos diante dos meus sonhos. Eu sou do tamanho da minha vontade de vencer.
E você, você é do tamanho da minha fraqueza, é insignificante querido. Ponha-se no seu lugar!
Esqueça que um dia eu te ouvi, esqueça que você tem uma voz porque eu não estou disposta a deixar nada nem ninguém me fazer desacreditar que mereço o que batalho para ter. Ainda mais alguém dentro de mim.
Se eu tiver que passar madrugadas em claro por um sonho que pode não acontecer agora, um dia essas madrugadas terão valor e não vai ser você quem vai me fazer chorar ao constatar que o tempo das coisas não é o mesmo que o da vontade de que elas aconteçam.
Eu não sei mais quem você é, não escuto mais sua voz e finalmente, não acho que você seja digno das minhas palavras. 
Eu tenho mais o que fazer com elas, vou escrever o meu futuro.


Tay. 

(Texto para a 38ª edição cartas do Projeto Bloínquês)

3 comentários:

  1. Seria mais legal se o nosso lado B não fosse o lado que quer nos derrubar :/

    Tay, minha fofa, amei teu texto *-*

    ResponderExcluir
  2. uma pergunta, quem escreveu? Você ou seu Lado B? hahaha...foi bom te achar aqui, de verdade.
    Beijo

    ResponderExcluir
  3. eu fico até tenso em avaliar o texto da Sora né? é como se os papeis estivessem invertidos, mas cá entre nós? SEMPRE tive vontade de fazer isso. pena que você não errou nada. :/

    Em muitas vezes eu imaginei o lado B da remetente como a "Neura" da propaganda do Veja. Lembra? Sempre colocando caraminholas na cabeça da coitada, perguntando o que os outros vão pensar da limpeza da casa.
    Tay seu texto está impecávelmente dentro do tema, sem erros de português e criativo por demais! Parabéns! *-*

    Beijos.

    ResponderExcluir

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...