quinta-feira, 26 de abril de 2012

Do que é meu



Amor,
Sabe, não é de olhos que vou falar, porque você me conhece tanto que quando te olho não sei mais dizer. Eu até descubro que posso ter vergonha de dizer coisas banais só por pesar pestanas suas viradas pra mim.
Eu até posso sentir que existem organismos vivos multicoloridos, uma coisa meio movimento new hippie só de você tocar a ponta do cabelo me puxando pra me obrigar a chamar atenção.
Eu posso até sentir que é pra sempre. Eu que tanto tenho problemas com a tal da eternidade.
Veja bem, não sei sentir certeza, eu finjo bem, você sabe.
Mas sobre você, sobre você há todas as certezas do mundo dentro dessa mente confusa e um tanto dislexa minha. Estou certa que seu nome habitará minha memória até que eu fique velha e confunda cores e não saiba mais o nome dos filhos e netos e não saiba mais sobre o que comi no almoço. Sobre isso eu nunca sei mesmo.
Eu tenho certeza que mesmo que eu não tenha memória, eu terei você.
Eu tenho certeza que ainda que não hajam mais braços, mais espaço e mais tudo. Você vai estar aqui dentro me abraçando. Você vai me apertar e fazer o choro passar.
Você vai me fazer cócegas e vai me obrigar a sorrir para os outros e eu vou dizer oi para as pessoas porque você me mandará ser mais simpática. Você vai me preparar um lindo jantar que ficará pronto em três minutos e terá tanto sabor seu que não fará diferença ser miojo ou pão de queijo ou prato fino. É de você que veio.

E eu me pego idiota, nesse termo feio mesmo. Você me idiotiza. Até as melhores amigas custam a ter paciência comigo, juro. Quase sou atropelada porque depois de todo esse tempo eu ainda ouço Marisa Monte tocando no meu ouvido e sou obrigada a fechar os olhos me esquecendo completamente que os carros ainda passam nas ruas. 
Sinto tanta coisa que não sei dizer, sinto tanto entende? Eu sinto que você é parte de mim, uma coisa completamente diferente desses clichês de filmes porque não é tão simples assim, tenho vontade de ficar sozinha por horas, durante alguns dias você me irrita mais do que quase todas as pessoas juntas. E algumas vezes eu me pego suspirando vendo filmes e penso que deveria ser errado eu ter um amor assim, porque as pessoas me acham estranha por isso.
Não que as pessoas já não me achem estranha pelo simples fato de que talvez eu seja, um pouco.
O pior é que nem sei de onde veio tanta coisa sabe e você sorri quando eu fico triste e me sentindo um lixo e me pega pela mão e diz que eu posso simplesmente ser eu que você vai me adorar. E quando eu digo que quero títulos você diz que eu serei a sua, como é mesmo? Eu serei a sua. A sua o que eu quiser, um título que eu posso escolher, que eu posso mudar toda semana se me cansar. E eu fico triste por notar que já são quase 23 e eu não tenho meu sonho risonho e bochechudo fazendo caras e bocas no meu colo. Mas você me pega pela mão, me abraça a cintura e sussurra que eu não vou ter simplesmente um filho, você sorri, você sorri tanto que eu tenho vontade de querer parar tudo, eu me esqueço que tenho outras pessoas sabe? Porque você diz que eu não vou ter filhos simplesmente, eu terei os nossos filhos. E isso vai bastar porque eles vão fazer nossa casa barulhenta e você vai ensinar para eles tudo que me irrita.
E sabe amor, eu sei que eu vou ser feliz pra sempre assim, porque qualquer coisa que nasça de você, que tenha seu gene me fará feliz pelo simples fato de ser parte de você.
Isso que eu sinto tanto que sou.
Isso que a gente é, parte de algo nosso, só nosso.
Dizem naquela série adolescente que você implica por eu ver que ser parte de algo especial nos torna especiais. Fazem quase sete anos que eu me sinto a pessoa mais especial do mundo.
A sua pessoa.

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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