quarta-feira, 11 de abril de 2012

Do sorriso que faz rir


Um pouco é culpa dos olhos, esses olhos de boneca de pano que foram feitos de semente de vento. Os olhos formam histórias, narram diálogos, os olhos vivos que fazem com que a gente fique bobo, só tentando entender como por olhos as pessoas contam tanta coisa.
Então vem o sorriso, assim tímido, feito quem entendeu a piada depois e ficou com vergonha por atrasar a alegria. No seu caso ele vem primeiro, você ri antes de entender, você entende antes das coisas serem contadas então o sorriso fica suprimido, cílios se abaixam e o sorriso nasce, abre portas e chega devagar, discretamente invadindo brincando feito sol de manhãzinha com vergonha de empurrar a cortina e entrar pra clarear a vida da gente.
E quando se pensa que não há mais jeito você diz coisas. Você guarda muito mas quando diz é tão sincera a voz, é tão real que se perde algo da lógica que se espera ter para não se contagiar o mundo com pieguice e clichês. Quando você diz os falantes de plantão ficam com vontade de emoldurar porque as palavras ditas, ainda que para dentro, são de força e fé e vontade e é tanta coisa junta que nem sei dizer. Onde estão meus adjetivos?
É tanto bem que quero que houvesse como fabricaria estrelas para que elas caíssem em uma coordenada geográfica definida, diria segredando para elas que a boneca de pano tem um varal e precisa de estrelas pra ter certeza que não haverá mais nada que não seja certo feito algodão doce rosa que é carneiro imaginado.
Pessoas passam pela gente e o lugar é tão seu que é como se você estivesse aqui desde antes, bem antes de eu mesma estar. Tem como?
Não tem como não esperar que você se zangue um pouco por tanta expressão assim, tanta coisa derrama em letrinhas feito sopa pra criança que não quer comer. Mas não dá para guardar sempre, tem hora que a caixa fica cheia de carinho e só há vontade de tentar dizer as coisas piscando o olho. Malinha que sou, é isso.
Não cabe conjugar alguns verbos porque agir é mais negócio, então nem vou dizer. Conto que você saiba. Que sinta.
Pequeno me diria que sou terrível.
Ainda bem que sou.
Coubesse agradecimento eu até faria, mas tem coisas que nem precisam ser ditas.

(Página 89, linhas 8 e 9)


3 comentários:

  1. Penso a mesma coisa sobre a minha amiga, sabe? Passam-se pessoas, voltam pessoas e há reencontros, mas o lugar daquela pessoa sempre ficará guardado. Não de uma pessoa qualquer, mas uma pessoa especial, sabe? Apenas acontece.
    Lindo, Tay. sz

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  2. Estou seguindo teu Blog, gostei muito do teu cantinho.
    Estarei sempre por aqui, sempre que houver atualizações.
    Se desejar da uma olhadinha no meu blog tbm, http://mylostworldjm.blogspot.com.br
    Boa Noite!

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  3. own *-* que coisa mais doce e linda de se ler :D enche os ouvidos e a alma.

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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