terça-feira, 14 de agosto de 2012

Da razão das sem razões


Porque você me beijou.
Você se aproximou e rompeu com meu silêncio, com minha relutância por achar inapropriado o que de fato eu queria tanto. Você puxou o ar e eu fui junto, ou você veio e se fez ali, encostado em mim, minhas mãos que já pareciam estar ali na sua nuca sentindo que você tinha acabado de cortar o cabelo. 
Você me beijou e eu esqueci o tempo que não houvera isso, o tempo que eu respirava fundo pra tentar preencher o vazio do que se fazia sem você pra me desafiar a levantar os pés e ficar da sua altura.
Porque eu te beijei e então não notei que todos estavam lá, que havia lá, que havia alguma coisa além do que pulsava tão forte dentro de mim, como eu pude não notar que eu queria tanto estar ali de novo? Que eu quisera o tempo todo não insistir pra ser inteira pronta em você, no seu lábio sugando o meu?
Não era a música lá fora, era dentro da gente. De um jeito ridículo de tão bobo e infantil, parecido com filmes água com açúcar eu queria que chovesse porque eu queria sentir que minha pele estava numa temperatura insana porque sabe, ali estava a sua também.
Você me beijou e eu perdi o ar. Eu perdi o medo de fechar os olhos outra vez e apaguei da mente indícios de fogos de artifício em uma infância de pedidos em viradas do ano, eu não sentia mais a grade fria do portão, havia algo me segurando? Eu só podia sentir o cheiro da gente sendo tão feitos inteiros com um gesto tão simples, só podia notar que sua mão tinha um novo toque, ela estava mais dura, estava mais certa, ainda mais certa do poder de posse. Eu estava inteiramente ali sentindo você menosprezar com os lábios em movimento cada frase que eu deveria ter dito, cada imposição que deveria ter feito e agora não mais conseguiria ter sentido que bastasse pra dizer porque haveria verdade em mim ao afirmar que não queria? Se quando eu mais me encontrava no beijo. Se quando eu mais queria e poderia me deixar ficar e estava entregue?
Havia algo que eu queria tanto que não vinha espetando com gostinho bom da sua barba por fazer?
Eu queria sua força contida, o beijo esperado tanto tempo pra acontecer que a gente fingia ter delicadeza pra dar, queria suas mãos me puxando pra mais perto sendo que era impossível eu estar mais perto que ali, eu já estava lá, já estava. Eu queria que se findasse ou não, que durasse pra sempre porque não pensava o suficiente pra saber se o melhor era começarmos de novo a cada minuto ou prolongar meu encanto até não ter mais tempo de ter fim.
Porque você me beijou e eu voltei a ser gente, a não responder por mim, a não saber o que fazer, não ter certeza de mais nada a não ser de que eu passaria o que fosse preciso porque você me beijou.

3 comentários:

  1. Menina que texto lindo. A magia de um beijo tão esperado, a força de um beijo real, sentimento e emoção. Lábios, pele, calor... Mágico, eu amei!!!

    www.eraoutravezamor.blogspot.com

    Caso deseje pode visitar o meu blog.

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  2. Tô revoltada! Será que esse povo não sabe mais o que é ler coisa boa mais não?! Como é que pode não ter nenhum comentário aqui. Ou será que estão todos tãããão sem tempo assim como eu? Só pode, porque esse texto é lindo, assim como todos os outros né? Saudade de você! E daqui...

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  3. Sentimento forte que embriaga a ponto de se esquecer quem é e onde está. Lindo texto, faz tempo que não venho aqui! Haha parabéns *-*

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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