quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Teve a leveza das pipas



Perder o chão é próprio da vida, como o movimento do mar,
como rio que precisa correr para não apodrecer.

E quando os fogos começaram ela se lembrou de pedir mais amor. Mais intensidade, se possível, mais loucura, pés pro alto e pulmão sem ar.
Ele estava ali do seu lado, como em todo o ano, como em todos os momentos ruins e foi por ele que ela pediu. Por aquele amor sereno que tinha a força e a solidez das pedras.
Só que quando o outro apareceu, tirou os pés do chão, aquele amor tão vento e tempestade, os olhos marejaram e ela quase afrouxara o laço de anos.
Quando o pedido se realizou de um modo estranho ela não conseguiu compreender e essa falta de jeito causou tanto medo, tanta vontade de que fosse ou que tivesse sido ou quem sabe outro tempo verbal que ela pudesse inventar.
Fechando os olhos ela sabia que a mão que a segurava era outra, e isso doía o peito, porque era injusto com aquele que lhe trouxera tanta paz.
Era injusto com os sonhos novos, com a superação que já havia chegado uma década atrás, era injusto com o futuro certo que ela começara a plantar em terreno fértil.
Não era mais uma adolescente, e será mesmo que teria forças para voltar a ser?
Todo aquele mundo louco, aquela inconstância, aquela 'parecência' desnecessária de defeitos e qualidades. Tão iguais e tão cientes.
Se nem a vida quisera daquele modo, algum motivo bem óbvio tinha.
Com o pezinho ainda no ar caminhou um pouco incerta e topou com uma nuvem onde sentou e pensou e pensou e pensou.
E chorou bastante, toda aquela chuva interna que se fazia necessária desde a última vez, o último beijo, e o pra sempre dentro de um quintal da infância.
Sacudiu a poeira e deixou o Sol baixar para voltar pra Terra.
Procurou ainda por tudo aquilo e viu que tomara lugar lá dentro da alma, um lugar tão dele que parecia ter habitado ali o tempo todo.
E finalmente conseguiu voltar a sorrir, voltar a sentir e a não mais ter medo, era um pedido realizado pra firmar mesmo aquele amor, não o antigo, o novo e o que merecia estar onde estava.
Tinha amor que não sabia ficar perto de quem ele amava, ela que superasse e procurasse fazer o melhor possível para não magoar aquele que sabia estar perto dela.
Sempre.


(A citação lá em cima é da Vanessa Leonardi, dona do lindo blog 'Caixa Mágica'. 2011 chegou com tanta força que eu acabei demorando pra vir até aqui... Estou com projetos novos para esse ano, incluindo um blog pessoal e um tumblr 'Inconveniência Aleatória', mas estarei muito mais aqui esse ano! Feliz ano novo a todos nós! Que seja novo e que saiba renovar o que não mais couber.)

Um comentário:

  1. Impressionado com tudo o que me deparei nesse blog, extremamente sentimental,bem escrito e lúcido...enfim...um encanto! parabéns a tudo , a todos os posts...Abraço

    Toni Junior

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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