terça-feira, 28 de setembro de 2010

Como salvar uma vida?




'A medida que ele começar a levantar a voz, você baixa a sua e concede a ele uma útima chance.'  - pensava enquanto olhava fixamente os lábios dele se moverem  freneticamente, em mais uma briga.
Não entendia como conseguiam brigar tanto, como ele sempre tinha motivos, óbvios ou não, como havia forças depois de um dia de trabalho cansativo para tantas palavras jogadas como caco de vidro grosso de garrafa velha, tudo ali, na cara dela.
Críticas e lágrimas, vindas de direções contrárias eram tão comuns que talvez ela só precisasse respirar fundo e logo tudo voltaria ao normal.
O pai gritava e a fazia tremer, a mãe recolhia os talheres espalhados pelo chão, no canto da cozinha, abraçada aos joelhos ela não queria rezar, tinha medo de fechar os olhos e ao abri-los ele não estar mais ali.
Apesar de assustador, ela o amava, Amor daquela natureza boa das crianças, cheio de vontade de pegar pela mão e mostrar o caminho certo.
Resignava-se ao desatento, enquanto eles discutiam em um diálogo desleal, olhares da mãe e palavras dele.
Sempre, aquelas palavras que a seguiriam pelo resto da vida, mesmo quando fosse uma adulta e tentasse construir o seu mundo perfeito com alguém.
Mesmo quando ele não mais tivesse voz e os olhos da mãe já estivessem vermelhos de tanto chorar.
Respirou fundo e mais uma vez sonhou, despetalando flores imaginárias que viriam com a primavera. 
Um dia, quem sabe.




(Ao som de: How To Save a Life - The Fray)
(Texto para a Ed. Musical do Bloínquês, no começo era uma história de Amor, mas se transformou não sei como. Espero que gostem!)

4 comentários:

  1. Eu não sei ainda se pode dizer que gostei, mas está muito bem escrito. Algumas imagens ficaram confusas, para mim.

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  2. Que triste isso... Já passei por coisa parecida, é traumatizante pra qualquer criança. Sempre digo que por mais uma separação seja dolorosa para os filhos, as brigas são mil vezes piores. :)

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  3. Me pareceu familiar, apenas isso.
    E quanto a música do The Fray, é ótima.

    Beijo!

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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