sexta-feira, 15 de julho de 2011

Da verdade que vem tarde



'Não existe acaso
Todo amor já foi sonhado'


Começou sendo quase de verdade, ainda assim meio de mentira.
Ela queria porque assim parecia ser certo, não que despertasse a alma ou fizesse o céu ser lilás cor de céu em primavera estando ali em pleno outono de alma e hemisfério. Queria porque fazia bem, assim um bem diferente do comum, um bem estranho que ela não esperava sentir assim, de cara.
Deu de ombros e não se convenceu da capacidade eterna e alheia de tornar as coisas belas quando se há espaço para isso. E aquela meia verdade inventada que tinha cor de sonho ainda, uma tonalidade meio translúcida foi tomando forma, argila molhada e modelada entre brincadeiras de se esfregar os dedos sujos no nariz. Era vestígio de felicidade fugidia, e aquela sensação de novo, de que algo fugia sempre ao controle quando se procurava tatear.
Diariamente decidia-se por analisar e topava com cada coisa ali dentro, e a quase verdade lá, insistente, querendo mostrar que já nem era inteiramente mentira. Havia algo de insano.
Deu por si sendo sincera quando menos quis, fim de manhã e ela olhando o movimento que á água teimava em fazer, sem metáforas ela soube-se teimando em vão.
Às vezes nunca fora mentira, verdades inventadas podiam entrar em outro quesito, às vezes estava lá desde sempre, pronto pra ser lido, mas faltava o vocabulário pra entender que uma quase história de amor está longe, bem longe, de ser assim também uma quase história de desamor. Nem sempre quando o copo está meio vazio pode estar meio cheio.
Algumas coisas só estão completas quando são pela metade.
Inclusive verdades.
Inclusive histórias exclusivas, de amor.


(Ao som de: Leoni e Raquel Becker - Antes e Depois)

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