segunda-feira, 25 de julho de 2011

Porque era meio Winehouse





But I'm grown
Mas sou crescidinha
And in your way
E do seu jeito
In this blue shade
Neste tom triste
My tears dry on their own
Minhas lágrimas secam sozinhas

Era um vazio cheio de algo concreto que insistia em gritar. Um vazio teimoso que infiltrava-se no meio do peito e agora não deixava os pulmões executarem sua tarefa de encher o mundo interno de ar, oxigenar a vida.
Puxava o ar e onde ele estava? Preenchendo espaço no vazio moinho crescente. Coisa claustrofóbica...
Era então Alice gigante e as paredes a apertá-la, a dizer que não era suficiente para ela, nada, nada... E então o choro e a consciência da pequenez minusculizada ainda mais, aquelas paredes gigantes a assombrá-la, a chave ali nas mãos mas a fechadura tão longe, tão de alguém que não dela...
Devaneio tolo escrito em letra borrada.
Era o silêncio insistente da chuva fina lá fora, todas aquelas palavras que nunca diziam nada. E ali dentro o sertão. O ser tão.
Aquele vazio todo cheio de silêncio Lispectorano, coisas inomeáveis, medos inimagináveis. O vazio e a cheiura que tudo sempre agradecia.
Era o que esperavam dela, era assim ser gente. E ela conseguia quase forçando um sorriso dizer:
- De nada, de nada.


(Ao som já saudoso de Amy Winehouse: Tears Dry on Their Own)

Um comentário:

  1. "E ali dentro o sertão. O ser tão." - ...
    (difícil fazer um comentário depois de um post como esse!)

    ResponderExcluir

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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