Ana Terra não era tão boa quanto desejava com gestos. Toques.
Tinha aquela coisa de se aproximar do outro que significava quase sempre deixar espaço pro outro entrar, pro outro fazer dela o que quisesse. Não gostava de perder o controle de si mesma. Não gostava.
Mas se existia algo que a fazia ser sentida eram os abraços.
Ana Terra era de abraços.
Não dados ao vento, não toques em estranhos, nada disso.
Ana Terra calculava o tamanho dos braços, o tamanho do que cabia no mundo que abraçaria dentro do outro. Não cabia que o outro fosse frio feito pedra, não gastava abraço com quem não se abraçava de olhar, antes mesmo de braços se moverem.
E então ela estava ali, braços presos ao tronco, computando movimentos tentando saber exatamente o momento de se aproximar, tocar o ombro e oferecer o que era seu presente.
De costas ele não notava a menina de olhos nervosos, medo do outro recusar e se afastar e acabar com o jeito que ela tinha de dizer que gostava, que queria bem.
Quando o amigo virou-se ela notou-se tonta ao reparar os olhos dele. Aqueles olhos que se conheciam, que se conheciam muito.
Ana Terra entendeu que a gente nunca abraça um amigo, a gente volta pra casa um pouco.
Ali.
Sempre bom "volta um pouco pra casa" quando abraçamos um amigo.
ResponderExcluirOtimo post.
Abraços