quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Da realidade


"Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor"

E quando se olha ao longe não se vê mais. Para ser um bom amor é preciso ter o prazer da espera, coisa que a raposa ensinava ao príncipe loiro.
Madrugadas foram perdidas olhando fixamente para a tela em busca de um movimento seu, um milímetro de diálogo, um sinal de vida além do tempo que não veio.
Então surgiu você e bagunçou a alma, alucinou o pulso e ofereceu o mundo. Era demasiado grande tudo e a confusão foi tanta que sem ar não consegui não ter medo. A vontade de ser para sempre quase ganhou do medo da fugacidade dos nossos sonhos realizados.
A gente teria sido a maior dupla que já existira, faliríamos a banca em Vegas, dormiríamos no capô de um conversível velho e meio enferrujado olhando o sol nascer em Frisco, talvez nos casássemos em um vilarejo indígena e repetíssemos a cerimônia em cada canto de mundo para onde o nosso nariz apontasse.
Eu aprendi a conjugar o subjuntivo com você. E se tivesse dado certo?
E se o tempo não tivesse feito a gente de bobo e a gente tivesse tido a chance de prolongar o primeiro beijo, de pular carnavais juntos? De dormir abraçado durante o pra sempre de uma noite de chuva?
Quem sabe eu tivesse a chance de descobrir se era mesmo amor. Porque veja bem, não é que não tenha sido, eu disse que era na nossa última conversa, lembra?
Foi amor. E foi o amor mais puro que eu jamais poderia imaginar viver. Com você eu quis voar, ser a Wendy que te contaria histórias e a Sininho com quem você pudesse aprontar e rir. Com você eu quis o pra sempre de contos de fadas. E talvez tenha se quebrado por isso.
Chega um dia em que ser criança e esperar o príncipe encantado desencanta.
Não pode ter sido erro nosso, como a gente poderia estragar algo tão lindo?
Foi erro de cálculo que me fez te querer tanto por tanto tempo, e te fez vir me buscar no momento exato após o meu sim à vida. Era preciso virar as costas para algo.
Não há que se pedir perdão, não há sofrimento em mim entende? Talvez nem houvesse essa história de amor de um quase. Mas é que até amores não vividos merecem cerimônias de despedida.
Estou dizendo adeus.
Alimentei por tanto tempo a ideia de que uma hora ou outra você viria e me faria largar tudo e eu um dia me arrependeria mas teria sido bom porque teria sido por você o momento de loucura mais especial da minha vida.
Só que não existe mais isso. Não existe mais espera.
Se você vier às três, quatro ou nunca eu não vou reparar, não estou mais sentada esperando a sua chegada.
Não fique triste, você nunca viria mesmo, sabemos disso.
Existem histórias fadadas ao sucesso e outras fadadas aos sonhos, a gente teve o privilégio de ser do segundo tipo.
Apenas quero que você respire fundo e saiba que te amei sim, te amei por tanto tempo que chegou a hora de tirar da gaiola o passarinho e deixar que ele se alimente de ventos novos.
O ruivo diz que tornar um amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém. Finalmente nosso amor é de verdade.


Ao som de Kid Abelha - Grand Hotel

4 comentários:

  1. as vezes eu tenho quase certeza de que os quase amores são os mais doídos. pq nos pegamos pensando como teria sido, e isso dói demais.


    mas uma vez libertadas por completo, nos damos conta de quanto tempo foi, de certa forma, perdido. de tudo que poderíamos ter feito. já tive um desses. fiquei depressiva, mas quando me libertei de verdade, meu amor me encontrou. e nunca, nem nos meus melhores sonhos, imaginei que pudesse ser tão feliz.

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  2. ual.... profundo este conto. Sei que histórias de desamores existem, mas é tão cruel pensar nelas, saber que existem amores que não dão certo, ou que deram certo apenas o tempo necessário.

    Lindo *-*

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  3. O texto é realmente incrível! Esses quase amores nos pegam de jeito, primeiro por que agente fica pensando, e se tivesse acontecido algo a mais, e de repente agente poderia ser feliz, mais não aconteceu. Acho que o medo é o que mais impede as pessoas de amarem de verdade, de ir em frente e se jogar de cabeça, de amar pra valer, e as vezes nos queremos, mais não conseguimos, isso faz com que acabe o momento, e o medo se vai, apenas deixando o arrependimento, "e se.." é a única coisa em que agente pensa quando se lembra desses quase amores.
    ----

    Ah, eu adoraria ver uma resenha aqui. Acho que você escreve muito bem, e seria legal ver uma resenha sua. kkkk Obrigada por me permitir divulgar seu blog lá, eu vou fazer um post programado, porque essa semana eu vou ficar sem tempo pra entrar no blog, quando eu programar o post, eu te aviso o dia pra você dá uma olhadinha. Desculpa pela demora de responder, é que eu mal estou entrando no blog e ainda fico com uma preguiça danada pra responder os comentários kkk. Owwnt <3 eu também me apego fácil! ahsuahsu.
    Beijos e sucesso.

    www.ponhaglitter.tk

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  4. O poeta só é poeta quando sofre. O amor só é amor quando dói. Não é uma regra inflexível, é mais perecido como uma rotina, porque nunca vi poeta que falasse só de suspiros felizes e saudades correspondidas. E nunca vi o amor ser tão lindo à ponto de não causar uma pontinha de desespero. Na verdade é aí mesmo que causa, porque por ser tão grande, temos medo de vir um vento forte demais e roubá-lo de nós. No final, é amor, não importa os meios, se os fins são aqueles que libertam, que nos fazem ter medo, e vibrar quando vimos um sinal da presença. Quando faz a cabeça girar e a raiva saturar por vermos outro alguém ali, abraçando nosso mundo. É amor quando não sabemos que é, até chegar em um ponto onde a vontade de dizer um "eu te amo" quase não nos cabe; é amor quando a espera tão incômoda se faz ínfima quando encontramos aquele sorriso que nos acalma.
    Ah, Tay, os seus textos me inspiram. Me fazem um bem danado, fico aqui com cara boba suspirando entre suas palavras. Você tem um dom que produz encanto enquanto expõe seus encantos. E isso tudo é lindo, de verdade.

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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